Os aliados mais próximos do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reconhecem, de forma reservada, que os vários erros cometidos por ele durante esses últimos meses devem ser decisivos para a perda do seu mandato.

Para esses aliados, o último grande erro de Cunha foi ter insistido em adiar, para setembro, a votação do seu processo de cassação. Cunha calculava que com baixo quórum no período de eleição a sessão seria adiada mais uma vez. Mas o movimento do deputado teve um efeito contrário. 

Isso porque, em pleno período eleitoral, ele se transformou em tema de campanha em municípios de todas as regiões do país. Deputados que apoiam candidatos e até mesmo quem está na disputa passou a se posicionar sobre a cassação de Cunha nos palanques eleitorais.

Inicialmente, Cunha queria evitar que seu processo fosse analisado antes do impeachment, achando que, assim, poderia escapar da cassação. "Cunha virou o assunto único da política depois do impeachment de Dilma, todos os holofotes estão votados para ele", diz um integrante da troca de choque de Cunha.

Há também o reconhecimento de que ele foi arrogante ao desprezar a avalanche de denúncias que se formava em torno dele. Aliados defendiam que já no ano passado Cunha optasse por renunciar ao cargo de presidente da Câmara e, com isso, tentasse articular uma pena mais branda, como a suspensão do mandato. "Ele só fez isso quando já não havia mais jeito de mudar o destino dele. Agora Inês é morta", observou outro aliado.