Passagem sobre o canal Campos-Macaé |
Uma
lei que representa para o município o que a Constituição Federal representa
para a República Federativa do Brasil: a suprema regulamentação dos Poderes
Políticos, da atuação governamental e do exercício pleno dos direitos,
garantias e deveres fundamentais, inerentes ao conceito de cidadania.
Em
termos jurídico-políticos, a Lei Orgânica é a lei fundamental de nosso
Município_ uma espécie de “Constituição Municipal” __, que regerá a atuação do
Governo e regulará os aspectos da vida social.
Por
esse motivo, é que a Lei Orgânica possui extrema importância para todos nós que
nascemos ou estamos radicados na cidade de Campos dos Goytacazes, uma vez que a
promulgação e vigência da mesma estabelece uma série de regras, valores e
comportamentos que incidem diretamente sobre as nossas vidas enquanto cidadãos.
Dada
a sua importância para toda a municipalidade, a Lei Orgânica precisa ser
concebida através de um amplo debate social, com a participação efetiva de
todos os segmentos da sociedade civil representada. A bem da verdade, como todo
poder emana do povo, é justamente este que deve impor aos que o governam a
garantia de que a administração pública guiará seus esforços sempre no sentido
de promover o bem-estar social, o progresso e o desenvolvimento da comunidade.
Não
obstante a esse mister, o que vemos em nossa cidade é um processo político que
se afasta cada vez mais do âmbito social, privando a população de discutir e participar
das decisões político-administrativas que incidem diretamente sobre sua vida. E
não é diferente com esse projeto de elaboração da nova Lei Orgânica Municipal.
De
certo modo, todos somos culpados por essa situação. Abdicamos de exercer nosso
poder político com a desculpa genérica de que a difícil rotina cotidiana
consome nosso tempo e limita drasticamente nossa capacidade de atuação em
questões sociais relevantes. Perdemos nosso interesse sobre a Política e caímos
na armadilha de um ostracismo acomodado na desesperança e na banalidade.
Todavia,
ainda há tempo para uma transformação em nosso comportamento. E a hora de
refletir e mudar é agora! Precisamos retomar o palco de nosso teatro político e
atuarmos pró-ativamente no sentido de mudar a história de nossa realidade
social. O futuro de nossa cidade é construído por todos nós. Não podemos nos
furtar à assunção desse compromisso.
E,
justamente pensando nisso, que foi criada a Comissão Popular da Lei Orgânica,
que se reuniu pela primeira vez na última segunda-feira no auditório da
Faculdade de Direito de Campos, para tratar das propostas que alguns segmentos
da sociedade civil organizada pretendem apresentar à nossa Câmara Municipal,
para a devida apreciação. Queremos estabelecer uma discussão objetiva que
defina os princípios e valores fundamentais que gostaríamos que constasse na
norma política que regerá a atuação do poder público municipal e o nosso
comportamento em sociedade.
A
comissão é composta de advogados, cidadãos e alguns segmentos da sociedade
civil organizada, que possuem um interesse legítimo de darem a sua contribuição
nesse projeto de revisão de nossa lei municipal maior.
É
preciso conclamar nosso povo campista a participar desse processo comunitário,
que é pautado pela seriedade e apartidarismo, visando debater o maior número de
propostas possível, até que se chegue a um projeto de Lei Orgânica que atenda
nossas necessidades coletivas.
Alguns
dos advogados que compõem a comissão se prontificaram a redigir uma minuta do
projeto de lei orgânica debatido em nossas reuniões, de origem efetivamente
popular.
Gostaria
de convidar a todos a participarem do próximo encontro da Comissão Popular da
Lei Orgânica, que acontecerá no auditório da Faculdade de Direito de Campos, no
dia 17 deste mês, às 19 horas.
Encerro
este texto com as palavras do eminente filósofo e sociólogo alemão Jürgen
Habermas, que em sua teoria do direito, baseada na ação comunicativa, concebeu
a seguinte pérola: “o direito legitimo, é aquele que vem de um processo
democrático discursivo de elaboração legislativa.”
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