domingo, janeiro 14, 2018

RAFAEL DINIZ GARANTE QUE VAI CUMPRIR PROMESSAS DE CAMPANHA

(Terceira Via)


Rafael Diniz assegura que vai cumprir suas promessas de campanha


Admitindo que promessa é divida

Em tempo de Santo Amaro, ele quer ser o pagador de promessas de campanha, mas diz que primeiro é preciso dinheiro

CAMPOS 
POR OCINEI TRINDADE
 
14 DE JANEIRO DE 2018 - 0h01
(Foto: Carlos Grevi)
“Vai ser diferente”. O slogan de campanha do então candidato à Prefeitura de Campos dos Goytacazes, Rafael Diniz, do PPS, em 2016, ganhou popularidade e aceitação por parte dos eleitores que deram a ele uma vitória surpreendente no primeiro turno. Rafael obteve 55,19% dos votos válidos, totalizando 151.462. Seu principal oponente, Chicão Oliveira, ficou em segundo lugar com 29,88%. Derrotar o candidato do casal Garotinho nas urnas até fez a primeira diferença prometida por Diniz. Um ano depois à frente da Prefeitura, e agora, como avaliar o governo Rafael? Desde o fim de qualquer eleição, sabe-se que a euforia de vitória entra em processo de contagem regressiva para acabar, sobretudo durante os primeiros 100 dias de governo, período para o fim da lua de mel com eleitores. A população depositou no candidato Rafael Diniz, não somente o voto nas urnas, mas a esperança de mudanças e melhorias em todos os setores da Prefeitura. Críticas à saúde, à educação, ao transporte público, à segurança e aos serviços que competem ao governo municipal são conhecidas há várias décadas, seja por políticos de oposição, seja pela população. Entretanto, ao assumir o governo, os velhos problemas continuam na lista de instisfações de todos.
Rafael Diniz fez a diferença quando se sagrou vencedor de uma eleição difícil contra uma máquina administrativa capitaneada havia oito anos por Rosinha e Anthony Garotinho do PR. O casal de ex-governadores do Rio de Janeiro tentou se manter no poder por mais um mandato com a candidatura de Chicão Oliveira, primo de Garotinho, mas a rejeição do eleitorado e a insatisfação com o casal foram patentes à época, o que favoreceu bastante Rafael na sua primeira tentativa para se tornar prefeito. Antes, ele foi eleito vereador em 2012 com 4384 votos.
Com boa popularidade e participação nas redes sociais digitais durante o período de campanha, Rafael Diniz soube tirar proveito do eleitorado conectado à Internet para difundir sua proposta de mudar a cidade de Campos para melhor, e para colocar em prática, futuramente, a tal diferença prometida. Em um ano de governo, o que se constata é um grande público de eleitores e de não eleitores se valendo das mesmas redes sociais para criticá-lo, atacá-lo, ou para realizar todo tipo de denúncias, com ou sem fundamento, com ou sem razões para tornar pública a insatisfação individual ou coletiva. Um exemplo são os servidores municipais que ao fim de 2017 não receberam o décimo terceiro salário, fatiado para ser pago em fevereiro e em maio. O governo alegou falta de dinheiro para pagar o funcionalismo, apesar de ser obrigado por lei a conceder o benefício.
A falta de dinheiro para saldar dívidas da gestão Rosinha, e também para pagar as despesas da atual gestão, não é novidade no governo Rafael Diniz, tampouco é no governo estadual afundado em dívidas e em crise fiscal. O problema tem sido comum em diversas cidades e estados da federação. Entretanto, “Campos não pode parar”, só para lembrar o slogan da campanha de Dr. Chicão, adversário de Diniz na eleição de 2016. Se o município não parou na gestão Rafael, ameaças diárias são enfrentadas pelo prefeito que precisa de habilidade e esforço para fazer os setores essenciais da Prefeitura funcionarem, como escolas e hospitais, além de poder quitar a folha de pagamento mensal estimada em cerca de R$77 milhões a R$80 milhões, segundo o prefeito.
No fim de dezembro, Rafael Diniz concedeu entrevista ao apresentador Cláudio Andrade do programa A Polêmica, do canal Terceira Via TV. Foi a primeira vez que ele falou à imprensa de Campos sobre a avaliação do primeiro ano de sua gestão, além de diversos temas políticos e administrativos. Na entrevista de 56 minutos disponível no canal da emissora no Youtube, a população tem a oportunidade de ouvir as explicações do prefeito de Campos sobre os problemas que enfrenta, entre os quais, o parcelamento do décimo terceiro dos servidores.
“Simplesmente não havia dinheiro para pagar o décimo terceiro integralmente. A solução foi parcelar o benefício. Planejamos quitá-lo em fevereiro, sendo a última parcela em maio. Se conseguirmos aumentar a arrecadação neste início de ano, quem sabe, até consigamos antecipar o pagamento. Vale lembrar que, apesar de ser desagradável o não pagamento integral do décimo terceiro,nosso governo se esforçou ao máximo para não deixar de pagar os servidores durante os doze meses do ano. Foi um grande esforço, pois a folha de pagamento da Prefeitura está inchada e custa muito caro aos contribuintes. Isto precisa ser revisto”, comentou durante a entrevista.

Rafael Diniz durante a campanha eleitoral para prefeito reuniu 235 propostas que foram documentadas e registradas no Tribunal Regional Eleitoral. O Programa de Governo é um documento base que se encontra disponível na Internet para qualquer eleitor ler, conhecer, analisar e cobrar do prefeito eleito tudo aquilo que foi prometido. A proposta de governar o municipio de Campos dos Goytacazes foi dividida em 15 áreas diferentes: gestão participativa, transparência e governo eletrônico; educação; cultura; esporte e lazer; ciência, tecnologia e inovação; servidores públicos; saúde; recursos naturais e planejamento sustentável; habitação; defesa civil, segurança e ordem pública; mobilidade, transporte e trânsito; infraestrutura; atenção social, cidadania e rede de proteção social; desenvolvimento econômico, emprego, trabalho e renda; agricultura, abastecimento pesca e segurança alimentar. Das 235 propostas citadas no documento, é possivel conhecê-las separadamente por áreas ou segmentos, como no quadro ilustrativo.
Em um ano de gestão, o que deu para ser realizado dessas 235 propostas de governo? De acordo com nota da assessoria do governo, foram realizadas diversas ações no período, além do plano registrado no TRE, como o Plano Plurianual (PPA) e o Plano de Metas abordados em 23 audiências do orçamento participativo em diferentes bairros e distritos. Entretanto, o governo não respondeu quantas das 235 propostas foram colocadas em prática até o fim de 2017. Estima-se que a maior parte da população de Campos não tenha lido as 26 páginas que detalham as promessas ou propostas feitas enquanto Rafael era candidato. Algumas promessas que ele descumpriu neste período foram mal-recebidas pela população, como o fi m do restaurante popular, da passagem de ônibus a R$ 1 e o cheque-cidadão. Durante a entrevista à Terceira Via TV, Rafael se defendeu:
“O ano de 2017 foi de grande dificuldade financeira com metade do orçamento previsto para administrar a cidade. Em vez R$ 3 bilhões, contamos com 1,6 bilhão. Herdamos dívidas passadas como o pagamento das parcelas à Caixa Econômica Federal da venda do futuro que conseguimos reverter. Em vez de 30%, nos comprometemos a pagar 10% dos royalties do petróleo à CEF. No lugar do ‘cheque-cidadão’, vamos criar o ‘cartão cooperação’. Este programa retornará renovado para ajudar a quem precisa, de fato. A passagem a R$ 1 ficou inviável, principalmente com a qualidade ruim do transporte oferecido. A Prefeitura paga às empresas que alegam não receber do governo, e motoristas e cobradores estão sempre em greve por não receberem seus salários. Vamos melhorar o serviço de transporte, fi scalizando itinerários e horários, além de combater o transporte clandestino. Acredito que até o fi m do ano, solucionaremos de uma vez por todas esta questão”, explicou.
Quanto ao fechamento do restaurante popular, Rafael Diniz comentou:
“Tivemos que fechá-lo devido ao alto custo para mantê-lo. São cerca de R$300 mil mensais. A Prefeitura não dispunha desse dinheiro. Entretanto, estamos estudando uma forma de reabrir o RP este ano, além de abrir um novo em Guarus, pois a população carente de lá também necessita desse benefício. Vale dizer que ninguém sem ter o que comer fica desassistido pela Prefeitura. Há um cadastro permanente de pessoas que recebem cestas básicas da Secretaria Municpal de Desenvolvimento Social”, garantiu o prefeito.
A falta de dinheiro alegada pelo governo municipal refl ete também em serviços essenciais como a iluminação pública e o atendimento nos hospitais e unidades de saúde. Quanto à iluminação, Rafael disse:
“Dependemos de um processo licitatório para regularizar o serviço. A taxa de iluminação pública precisou ser revista e sofrer reajuste. A limpeza pública também foi afetada, pois reduzimos pela metade o valor do contrato com a Vital, mas estamos conseguindo bons resultados, e podem melhorar se parte da população não sujar as ruas, cuidando do seu lixo até o carro da coleta passar”, comentou.
Já quanto ao problema que afeta sensivelmente a vida da população, a saúde pública, o prefeito também se defendeu das críticas que vem recebendo, principalmente quanto às queixas dos atendimentos nos hospitais Ferreira Machado e Geral de Guarus:
“Nunca houve um planejamento sério na saúde nas gestões passadas. Tudo de ruim ocorrendo hoje se deve à dificuldade financeira. Infelizmente, temos que lidar com a situação, mas que vai ser sanada. Estamos longe do ideal, mas em uma visita recente de um gestor do Ministério da Saúde, a rede hospitalar de Campos foi elogiada. Contamos com o apoio de outros quatro hospitais contratualizados. Apesar de desde agosto estarmos em atraso do pagamento com essas unidades, temos buscado dialogar com o setor para que a população não seja mais prejudicada. A previsão orçamentária de 2018 é um pouco melhor para Campos, pouco mais de R$2 bilhões. Temos ainda um défict mês de R$25 milhões, mas era maior, cerca de R$60 milhões que conseguimos reduzir. Precisamos enxugar a máquina, pois ainda é muito alto o valor da folha de pagamento. Estamos confi antes que este ano será menos difícil que 2017”, prevê. Segundo Diniz, até março a unidade hospitalar de Travessão e o Hospital São José, em Goitacazes, estarão concluídos e funcionando.
E como lidar com as críticas ao governo municipal que parte da população, dos adversários políticos e de acadêmicos e especialistas em gestão pública? Rafael Diniz diz que sabe que não conseguiu ainda atender a todas as demandas, mas se diz com coragem para enfrentar as criticas e os desafios até o fim de seu mandato. Nota-se que o prefeito já não é tão atuante nas mídias sociais como foi no período em que concorreu à Prefeitura. É nas redes digitais onde ele sofre o maior número de ataques desde que começou a governar. O prefeito retruca: “Estou aberto a todo tipo de críticas, sugestões e mudanças. Já estamos até estudando uma reforma administrativa, o que é normal em qualquer governo. Nem sempre há comentaristas nas redes interessados em contribuir com a cidade, mas apenas promover um ataque pessoal. Eu sou um homem público disposto a sacrificar minha imagem ou carreira política em favor do município. Acredito que vamos mudar, sim, a cidade para melhor, resolvendo antigos e graves problemas que herdamos. A população pode saber que estamos dispostos a servir, mesmo com as limitações financeiras”, destacou.
Se vai ser diferente o ano de 2018, além dos 1095 dias restantes que Rafael Diniz tem para governar Campos e cumprir suas promessas de campanha, o tempo e a população irão dizer.

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