segunda-feira, junho 05, 2017

O HOMEM BOMBA

Ricardo Boechat (Istoe)




Fala, Loures! Afinal,  Temer fica ou cai? Há uma semana essa é a pergunta para a qual cada um dos 200 milhões de brasileiros tem resposta categórica, todas factíveis.  Não poderia ser diferente. No tabuleiro onde a atual crise política joga seu jogo, as peças são incontáveis, não apenas pretas e brancas, com muitas ainda invisíveis e sujeitas a movimentos bruscos.
Temer pode sobreviver, ou morrer, diante de muitas hipóteses. Por exemplo: o TSE vai cassá-lo, junto com Dilma? Pode ser, mas, até o advento das gravações do Jaburu, o tribunal sinalizava que o julgamento seria interrompido por pedidos de vista.
Supondo que isso não aconteça é certo que o Planalto recorrerá ao STF diante de sentença adversa, empurrando o desfecho da novela para frente.
O presidente também pode sucumbir à eventual “voz das ruas”, desde que elas produzam manifestações ao estilo de 2013 ou 2014. Outra vez, porém, essa caminhada será mais demorada do que a oposição gostaria.
O ensaio das centrais sindicais na quarta-feira 26, em Brasília, teve seu efeito político incinerado pelas chamas que vândalos espalharam nas ruas. As cenas de depredação e violência impuseram-se às manchetes, ofuscando palavras de ordem e alimentando o discurso desqualificador do movimento. Para alívio palaciano, é improvável que a repercussão daquele espetáculo pirotécnico tenha conquistado os corações e as mentes essenciais às futuras mobilizações populares.
Mas as ameaças a Temer não estão só na Corte Eleitoral ou nas ruas. Há a investigação por corrupção, obstrução à Justiça e formação de quadrilha. Se o STF abrir processo, ele será automaticamente afastado do cargo por 180 dias, com chance remota de reassumir.
Por fim, resta o calhamaço de denúncias e provas em mãos da Procuradoria Geral da República, que Rodrigo Janot afirma conter muito mais horrores do que os divulgados até aqui. Como nas demais situações descritas, nessa frente, a execução do mandatário demandará tempo imprevisível (o “tempo da Justiça”, como diz seu advogado), algo que o humor nacional não parece disposto a conceder.
Só um “assessor do peito” pode implodir Temer num piscar de olhos: Rodrigo Loures (PMDB-PR). Se ele disser que recebeu a mala de dinheiro da JBS a pedido do chefe, o xeque mate será instantâneo.

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