domingo, maio 14, 2017

PARA TODAS AS MÃES


MINHA MÃE


Minha mãe viveu até o fim,
quando lhe faltaram forças
e a chama da vida apagou-se,
lentamente...
o tempo andou ao seu lado,
como infiel namorado,
roubando dia-a-dia seu vigor.
Minha mãe sabia,
mas não havia o que fazer.
Foi flor viçosa do Manacá,
moça vaidosa, namorada primeira
e única de meu pai,
por sua vez, personagem dos romances que lia,
o romancista que gostaria de ter sido,
mas que a vida curta não deixou.
Meu pai, grande amor de minha mãe,
católica, apostólica, temente
da voz trovejada de Deus,
nos temporais bíblicos do verão
suburbano.
Minha mãe viuva,
senhora soberana, sublimada,
dona do destino da casa,
ouvinte e vidente dos desatinos
da vida partida ao meio.
Do marido que não mais veio
no final da tarde
quando toda mulher arde
por falta de amor.
Minha mãe professora,
quitandeira, lavradora,
sonhadora quando o dia
afrouxava o laço,
mãe de poucos abraços,
beijos raros,
mas de amor desatado
capaz de amansar toda ira,
amor de mãe  Djanira,
que mesmo depois de sua partida
me alimenta, me sustenta.
Porque mãe nunca é ausente,
ausente é filho andarilho,
mãe quanto mais longe,
mais dentro da gente.


FLF

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