MINHA MÃE
Minha mãe viveu
até o fim,
quando lhe
faltaram forças
e a chama da vida
apagou-se,
lentamente...
o tempo andou ao
seu lado,
como infiel
namorado,
roubando
dia-a-dia seu vigor.
Minha mãe sabia,
mas não havia o
que fazer.
Foi flor viçosa
do Manacá,
moça vaidosa,
namorada primeira
e única de meu
pai,
por sua vez,
personagem dos romances que lia,
o romancista que
gostaria de ter sido,
mas que a vida
curta não deixou.
Meu pai, grande
amor de minha mãe,
católica,
apostólica, temente
da voz trovejada
de Deus,
nos temporais
bíblicos do verão
suburbano.
Minha mãe viuva,
senhora soberana,
sublimada,
dona do destino
da casa,
ouvinte e vidente
dos desatinos
da vida partida
ao meio.
Do marido que não
mais veio
no final da tarde
quando toda
mulher arde
por falta de
amor.
Minha mãe
professora,
quitandeira,
lavradora,
sonhadora quando
o dia
afrouxava o laço,
mãe de poucos
abraços,
beijos raros,
mas de amor
desatado
capaz de amansar
toda ira,
amor de mãe Djanira,
que mesmo depois
de sua partida
me alimenta, me
sustenta.
Porque mãe nunca
é ausente,
ausente é filho
andarilho,
mãe quanto mais
longe,
mais dentro da
gente.
FLF
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