quarta-feira, janeiro 11, 2017

PONTO ELETRÔNICO: UMA VISÃO CRÍTICA

Um consubstanciado contra-argumento do educador Sérgio Dias Provisano:



UM PITACO SOBRE O PONTO ELETRÔNICO.
Sérgio Provisano
19 min
DE PONTOS ELETRÔNICOS BIOMÉTRICOS, VIGILÂNCIA E PUNIÇÃO, NEM FOUCALT TERIA SIDO TÃO DETALHISTA.
De cara, este Educador, Servidor Público concursado declara que não é contra o registro do ponto, do dia trabalhado de cada um de nós trabalhador, pois entende que tem que haver um mecanismo de controle, afinal de contas, a população é quem paga nossos salários e deve sim, ter como conferir se eu fui ou não trabalhar, é um direito de cada Contribuinte que é dentro do sistema público, o meu Patrão... É ele e não aqueles que, eventualmente estão exercendo o poder administrativo, ele, o gestor que eventualmente está no poder tem em verdade, uma espécie de procuração com data de validade dada através dos votos.
Aí, sou, somos, todos nós servidores, surpreendidos com uma publicação no Diário Oficial do Município, na data de 10 de janeiro de 2017,que institui a criação de um grupo de trabalho que irá conduzir um estudo para a implantação de ponto eletrônico, com biometria para monitorar a frequência do trabalhador.
Isso tem que ser feito – o monitoramento – e é pelas razões elencadas acima, necessário mas tem que haver também as contrapartidas por parte do empregador (e aí, falo de relações trabalhistas essencialmente).
Mas antes farei uma ponderação: Eu enxergo – e digo logo, que minha visão pode ser míope – que tal estudo que visa à viabilidade técnica e o impacto financeiro da implantação do mesmo, vai esbarrar em alguns entraves como por exemplo, a cobertura digital de nosso município, que é para lá de sofrível. A tecnologia de informação, a chamada TI, em nossa rede pública pode ser comparada a uma corrida entre uma carroça de burros, contra um carro de Fórmula 1, onde a carroça de burros é o poder público que está defasado, perdido no tempo.
Mas não é só esse o nó górdio do projeto – que volto a ressaltar, é necessário – mas temos algumas questões legais a serem levantadas como: Qual será a forma de nós, trabalhadores nos resguardarmos de eventuais falhas de sistemas eletrônicos, onde por uma pane, ou mesmo um ataque cibernético (houve “hackeamento” do sistema de segurança da Casa Branca que influenciou os resultados das eleições norte-americanas), quiçá por que não ocorreria aqui? Como iremos nos respaldar de eventuais perseguições de nossos chefes imediatos?
Podem me acusar de ser paranoico, mas quero também que me apresentem provas de que estou errado, quero saber, por exemplo, se será me dada a opção de ter um recibo físico que comprove o meu dia trabalhado – isso é um direito – para eventuais questionamentos que envolvam a minha frequência por parte do empregador, pois o ponto digital, dentro da lógica que permeia o Poder é, e deve ser um sistema fechado, criptografado, que só tem permissão, os técnicos, que seriam uma espécie de “Deus Ex Machina”, esse sistema é, seria e deve ser inacessível para nós simples mortais que estamos a anos luz desses detalhes de programação eletrônica sofisticada, mas eu só quero que, é ao final do dia trabalhado um recibo, nada mais.
E isso implica na seguinte logística: Ter uma impressora, que usa um tipo específico de papel, e deve estar conectada com o sistema de ponto eletrônico, que obviamente deverá ter um funcionamento isolado do restante das conexões do sistema geral das repartições públicas, essa estrutura terá que em essência funcionar dessa maneira, para garantir a lisura e transparência do mesmo e vou avisando logo, isso demandará num custo financeiro não muito baixo, mas isso o grupo de trabalho instituído detalhará com mais precisão, eu acho.
É óbvio que esse tema é polêmico e delicado e está inserido dentro da lógica de vigilância e punição sim. Dentro da ótica do Estado, do Poder e não seremos ingênuos negando isso, é claro que os detentores do poder, os gestores a ele agregados não virão para o debate que é necessário sempre, eu enquanto debatedor e crítico que sou, enxergo pelos parâmetros de Michel Foucalt e deixo a seguinte fala do mesmo, apenas para reflexão: “A norma, está inscrita entre as “artes de julgar”, ela é um princípio de comparação. Sabemos que tem relação com o poder, mas sua relação não se dá pelo uso da força, e sim por meio de uma espécie de lógica que se poderia quase dizer que é invisível, insidiosa.” (Michel Foucault).
Carpe diem.
DE PONTOS ELETRÔNICOS BIOMÉTRICOS, VIGILÂNCIA E PUNIÇÃO, NEM FOUCALT TERIA SIDO TÃO DETALHISTA.
De cara, este educador, servidor público concursado declara que não é contra o registro do ponto, do dia trabalhado de cada trabalhador, pois entende que tem que haver um mecanismo de controle, afinal de contas, a população é quem paga nossos salários e deve sim, ter como conferir se fui ou não trabalhar, é um direito de cada contribuinte que é, dentro do sistema, o meu patrão e não aquele que, eventualmente está exercendo o poder administrativo, ele tem sim, uma espécie de procuração dada através dos votos.
Aí, sou, somos, todos servidores, surpreendidos com uma publicação no Diário Oficial do Município, que institui a criação de um grupo de trabalho que irá conduzir um estudo para a implantação de ponto eletrônico, com biometria para monitorar a frequência do trabalhador. Isso tem que ser feito – o monitoramento – é pelas razões elencadas acima, necessário mas tem que haver também as contrapartidas por parte do empregador (e aí, falo de relações trabalhistas essencialmente).
Mas antes farei uma ponderação: Eu enxergo – e digo logo, que minha visão pode ser míope – que tal estudo que visa à viabilidade técnica e o impacto financeiro da implantação do mesmo, vai esbarrar em alguns entraves como por exemplo, a cobertura digital de nosso município, que é para lá de sofrível. A tecnologia de informação, a chamada TI, em nossa rede pública pode ser comparada a uma corrida entre uma carroça de burros, contra um carro de Fórmula 1, onde a carroça de burros é o poder público que está defasado, perdido no tempo.
Mas não é só esse o nó górdio do projeto – que volto a ressaltar, é necessário – mas temos algumas questões legais a serem levantadas como, qual será a forma de nós, trabalhadores nos resguardarmos de eventuais falhas de sistemas eletrônicos, onde por uma pane, ou mesmo um ataque cibernético (houve “hackeamento” do sistema de segurança da Casa Branca que influenciou os resultados das eleições norte-americanas), quiçá por que não ocorreria aqui?
Podem me acusar de ser paranoico, mas quero também que me apresentem provas de que estou errado, quero saber, por exemplo, se será me dada a opção de ter um recibo físico que comprove o meu dia trabalhado – isso é um direito – para eventuais questionamentos que envolvam a minha frequência por parte do empregador, pois o ponto digital, dentro da lógica que permeia o Poder é, e deve ser um sistema fechado, criptografado, que só tem permissão, os técnicos, que seriam uma espécie de “Deus Ex Machina”, esse sistema é, seria, deve ser inacessível para nós simples mortais que estamos a anos luz desses detalhes de programação eletrônica sofisticada, mas eu só quero é ao final do dia trabalhado um recibo, nada mais, e isso implica na seguinte logística:
Ter uma impressora, que usa um tipo específico de papel, e deve estar conectada com o sistema de ponto eletrônico, que obviamente deverá ter um funcionamento isolado do restante das conexões do sistema geral das repartições públicas, essa estrutura terá que em essência funcionar dessa maneira, para garantir a lisura e transparência do mesmo e vou avisando logo, isso demandará num custo financeiro não muito baixo, mas isso o grupo de trabalho instituído detalhará com mais precisão, eu acho.
É óbvio que esse tema é polêmico e delicado e está inserido dentro da lógica de vigilância e punição sim... Dentro da ótica do Estado, do Poder – e não seremos ingênuos negando isso –, é claro que os detentores do poder, os gestores a ele agregados não virão para o debate que é necessário sempre, eu enquanto debatedor e crítico que sou, enxergo pelos parâmetros de Michel Foucalt e deixo a seguinte fala do mesmo, apenas para reflexão:
“A norma, está inscrita entre as “artes de julgar”, ela é um princípio de comparação. Sabemos que tem relação com o poder, mas sua relação não se dá pelo uso da força, e sim por meio de uma espécie de lógica que se poderia quase dizer que é invisível, insidiosa.” (Michel Foucault).
Carpe diem.

2 comentários:

  1. Parabéns! São pertinentes os argumentos suscitados.
    "Um pouco de possível senão eu sufoco". (Gilles Deleuze).

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  2. Quem paga os salários dos servidores públicos com certeza é a população, mas também paga os salários dos políticos (legislativo), do Judiciário e eles fazem o que querem. Vai começar a perseguição igual ao governo do avô. Quem não lembra?

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