segunda-feira, março 07, 2016

DENÚNCIA CENSE-CAMPOS

(Do mural de Jonas Gusmão)



(Para conhecimento do governador Pezão e dos deputados aliados, na região. A denúncia é grave)


ATENÇÃO! CAROS AMIGOS, LEIAM COM ATENÇÃO, CURTAM E COMPARTILHEM! ESTOU SENDO PERSEGUIDO (TRANSFERIDO DE UNIDADE) POR DENUNCIAR MAZELAS DO ESTADO, FALTA DE ESTRUTURA NO CENSE-CAMPOS.
Como muitos dos meus amigos sabem, eu sou agente socioeducativo do DEGASE, lotado no CENSE-CAMPOS. Tomei posse e fui direto pra essa unidade, onde estou há 1 ano e 2 meses, trabalhando em plantões ininterruptos, com exceção de 1 dia que fiquei internado em decorrência de uma crise renal repentina. Fora isso, já trabalhei com crise de hérnia de disco, sinusite e até febre alta, tudo em prol do bom andamento do serviço. Parabéns para mim!
Essa unidade, talvez poucos saibam, fica no alto de um morro próximo à RJ-158, no meio do mato, em um local totalmente isolado do ambiente urbano. Um lugar infestado de marimbondos cobras, aranhas e baratas, que, rotineiramente, visitam nossos módulos. Lá não temos sinal de TV ou de celular, não temos água tratada, não há vento e a umidade do ar é baixíssima. Enfim, estamos num lugar que poucos gostariam de estar, isso sem entrar na questão dos riscos da profissão, como fugas, ameaças de morte, tentativas de agressão, resgates, rebeliões (dei apoio aos agentes em 2) e falsas denúncias de maus-tratos. Mas mesmo com tantos percalços, é um lugar que gosto e me adaptei, tanto é que viajo cerca de 20 km para trabalhar, quando poderia estar num CRIAAD a menos de 200 metros da minha casa. OK.
Se a situação não está boa para o agente socioeducativo, muito pior está para o socieducando (adolescente que cumpre medida socioeducativa). Não que eu defenda que lá deveria ser um hotel cinco estrelas para infratores, no entanto, para quem tem a obrigação de fazer uma hipotética socioeducação, as condições estão muito aquém de proporcionar tal coisa. Alojamentos com capacidade para 3 adolescentes, alguns têm 10,12, amontoados num ambiente encharcado, cheio de mosquitos, quente e com enorme variedade de doenças (e o agente não tem direito a receber por insalubridade). A unidade comporta 80 adolescente, mas, hoje, tem mais de 210. A alimentação foi reduzida. Muitos medicamentos estão em falta. Médico e dentista de plantão não há na unidade. Sabonete é escasso na unidade (um sabonete é cortado em 16 pedaços) e vale ouro. Atendimento psicológico, raramente o adolescente tem. Essas coisas fazem com que trabalhemos no limite do stress. O garoto se revolta, xinga, ameaça, quer “bicar a chapa”, quer agredir o colega de alojamento, enfim, é um caos que nós temos de gerenciar. Tudo isso que aqui falo pode ser comprovado com uma visita no local, não são factóides.
Se não bastasse tudo isso, recentemente, eis a crise. Viaturas sucateadas (inclusive quase morri em um acidente por conta de pneus carecas) e sem manutenção, e abastecimento de combustível suspenso (audiências tiveram de ser canceladas nessa última semana). Forçadamente, também aderimos à dieta do arroz, feijão e salsicha picada, quando não degustamos ovo cozido ou carne moída. Nossos alojamentos? Claro que temos! Todos são mobiliados com colchões usados e doados, aqueles que possuem manchões pretos, e que ficam devidamente espalhados pelo chão, já que não temos camas. Situação humilhante para um servidor público. Ah, lembro também que não recebemos nosso 13º salário nem aumento de nossos salários (já defasadíssimo), e para piorar, tivemos nossa data de pagamento alterada. Em particular, fiquei sem receber algumas diárias de viagem. OK.
Tudo isso que relatei até agora, gostaria que vocês soubessem que, de alguma forma, desde meu primeiro dia na unidade, tentei resolver de alguma forma. Por ser ex-bombeiro militar, ex-guarda municipal (tenho contatos em várias secretarias municipais) e ter muitos amigos que me ajudam, consegui muita coisa em prol da unidade e também fiz várias propostas de parcerias com o DEGASE. Contudo, nenhuma dessas parcerias foram implementadas, sabe-se lá os porquês. Cito aqui algumas que, talvez, muitos amigos do próprio DEGASE não saibam:
- implantação de uma horta a ser mantida por adolescentes (Secretaria Municipal de Agricultura);
- combate a insetos e animais peçonhentos (Centro de Controle de Zoonoses);
- abastecimento de água (Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro);
- apoio policial nos dias de visita (Guarda Municipal de Campos dos Goytacazes e BPRv);
- atendimento odontológico, médico e psiquiátrico (PU da Saldanha Marinho);
- treinamento de intervenção em casos de rebelião (SEAP, Exército e Guarda Civil Municipal de Campos dos Goytacazes).
Enfim, poderia citar muitos outros projetos, mas não quero parecer político em campanha. Só lamento que, por várias vezes, expus esse nosso drama para diferentes diretores, informalmente, mas nada foi feito. O Sindicato teve ciência e visitou a unidade, também denunciou as mazelas, mas tudo ficou inerte. Aliás, depois dessa visita do Sindicato, quando eu insinuava em levar tais problemas ao Ministério Público, Juizado da Infância e da Juventude, Conselho Tutelar ou uma dessas Comissões de Direitos Humanos, era alertado por alguns amigos, que caso eu assim procedesse, seria “bicado” (essa foi a expressão) da unidade, como outros foram, pois a direção não gostava de levar “problemas para o Rio”. Aí está o ápice dessa narrativa e onde queria chegar.
Depois de muita relutância e para não cair numa omissão, há alguns dias, enviei um e-mail para o diretor-geral do NOVO DEGASE, Sr. Coronel Alexandre Azevedo, onde relacionei os problemas de segurança da unidade, como guaritas vazias, telas rasgadas, iluminação precária, acesso à unidade sem apresentação de documento de identidade e outras coisas. Coisas que comprometiam a segurança da unidade, colocando em risco a vida dos servidores e dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Nada desrespeitoso, nada em anonimato. Usei meu e-mail pessoal, coloquei meu nome completo e ID funcional, além de telefone para contato, além de me colocar à disposição para ajudar de alguma forma que possível.
Logo após o envio desse e-mail, notei que “forças ocultas” (parafraseando Jânio Quadros) me sacaneavam, de forma bem velada. Fofocas, mentiras, deturpações de fatos, excesso de cobrança, enfim, aquelas coisas que fazem parte do jogo sujo dos incompetentes e covardes. Pessoas que não conseguem nada por mérito, e precisam denegrir a imagem dos outros, “furar olho”. Conseguem por nepotismo, jamais por meritocracia!
Depois de muito fazer e muito esperar, eis que, ontem, às 14:58h, recebo uma ligação do RH da minha unidade. A agente administrativa se resumiu em falar que era para eu me apresentar à CSINT (Coordenação de Segurança e Inteligência), na segunda-feira, lá no Rio de Janeiro, pois eu havia sido transferido. Como assim? O que fiz de errado? Ela não soube dizer o motivo, a unidade para qual fui transferido e nem quem pediu minha transferência. Parabéns pra mim!
Ontem mesmo, por telefone, tive contato com um dos meus diretores, e ficou subentendido que o motivo da minha transferência pode ser o envio do meu e-mail ao diretor-geral do DEGASE. Isso mesmo! Enviar um e-mail relatando problemas graves de segurança da unidade e propor melhorias, esse foi meu crime, meu desrespeito, minha quebra de hierarquia.
Agora, faço algumas indagações a respeito disso:
- Seria falta grave expor problemas da unidade para o Diretor-Geral do DEGASE?
- Seria falta grave propor idéias e soluções?
- Seria falta grave discordar de colocações de outros servidores?
- Se fiz concurso para Campos e trabalho numa unidade há 1 ano e 2 meses, de forma eficiente e sem responder a um inquérito no Ministério Público ou processo administrativo, por que ser transferido?
- Se estou endividado, sem 13º salário, sem aumento e o próprio Estado está falido, por que sou obrigado a ir, com recursos próprios, ao Rio de Janeiro? São 4 horas de viagem, 265 km e quase 300 reais gastos com alimentação e passagens!
- Por que serei transferido de unidade, se a mesma está com déficit de pessoal e estará recebendo novos concursados em breve?
- Por que não tive o direito de saber o real motivo da minha transferência?
- Por que não fui chamado pela direção do CENSE-CAMPOS para, antes de qualquer transferência, saber minha versão de algum fato apresentado por quem quer que seja?
Esse tipo de comportamento que me enoja. Meros servidores públicos estaduais, como eu (somos agentes socioeducativos), que ao chegarem numa coordenação ou direção, se acham semideuses. Acham que um órgão público é a extensão do quintal da casa deles. Ali é o reino deles e todos são seus súditos. Abusam do poder como se nada pudessem impedi-los.
Finalmente concluo aqui minhas explanações. Não tenho condições financeiras de me deslocar até o Rio de Janeiro, e mesmo se tivesse, não iria. Por que o diretor não me apresenta os fatos, apresento minha defesa aqui, por escrito, e depois encaminha para a CSINT ou Corregedoria? Porque a intenção é sacanear! A questão é mostrar quem manda.
Espero que providências sejam tomadas em breve, pois é inadmissível que o Estado compactue com atos arbitrários e covardes. Quem me conhece sabe que nada me calará e que nem abaixarei minha cabeça para qualquer injustiça. Vou recorrer de todas as formas. Saio da unidade, sim, quando provarem que fiz algo errado ou quando eu quiser ir para outra unidade, não porque eles querem.
O dinheiro é público, o Estado somos nós, e não podemos nos render aos desmandos.
Por favor, compartilhem!
OBS: Marco nessa publicação políticos das mais diversas linhas de pensamento (inclusive alguns que não compartilho de suas ideologias), imprensa escrita e televisionada do Estado do RJ, jornalistas e alguns órgãos públicos competentes. Infelizmente, tenho de recorrer a esse tipo de estratégia, pois estou sendo vítima de censura no serviço público. Querem que eu veja irregularidades e me cale, que eu compactue, que eu não questione. Não serei esse covarde. Obrigado a todos. Deus nos abençoe!

2 comentários:

  1. O texto do Gusmão começa titubeante e ganha muito do meio pro fim. São denúncias gravíssimas que a sociedade precisa conhecer. Se ele melhorar o início, piegas, "Parabéns para mim!" e dar uma enxugada nas partes desnecessárias, a parolagem pode repercutir ainda mais.

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  2. Está estágio probatório, precisa de um advogado, isso sim!

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