Esta próxima semana, mais precisamente, no dia 16, a
Universidade Estadual do Norte Fluminense, completa 20 anos. Fui honrado com
dois convites para cerimônias distintas: uma na Câmara Municipal de Campos e
outra no centro de Convenções da UENF.
Aproveito a rara oportunidade para explicar qual foi meu
papel, no processo de instalação da Universidade, em Campos.
Primeiro é importante reafirmar que a UENF é filha de uma
emenda popular, na Constituição Estadual de 1988, do século 20.
Na época um grupo suprapartidário, capitaneado pelo
professor Mário Lopes, saiu pela Planície colhendo assinaturas para
consubstanciar a emenda, que teve caráter regional. Todos sabem que iniciativas
populares exigem grande número de subescritores para virarem leis.
Na tramitação da matéria na Assembleia Legislativa do Estado
do Rio de Janeiro, o lobby carioca da UERJ, fez constar no texto que, se no
prazo de 2 anos e meio, nossa Universidade não estivesse efetivamente
implantada, ela deixaria de existir e a UERJ poderia interiorizar seus cursos.
Aí entrou meu mandato de deputado estadual. Uma construção
de tamanha envergadura estava à mercê da burocracia inconveniente. Pelas vias
convencionais, o projeto não estaria finalizado em tempo.
Sob orientação do senador Darcy Ribeiro e da professora
Gilca Einstein (acho que é essa a grafia) e mais do professor Wanderley, nosso
primeiro reitor, apresentei projeto de lei criando a Fenorte, que teria caráter
de fundação mantenedora, legalmente, um instrumento que daria a agilidade necessária
para contratação de professores e importação e compra de equipamentos para
laboratórios e afins.
A tramitação do projeto de lei foi um parto. Tive que
enfrentar os deputados cariocas, que cedendo à pressão da Uerj, na época,
defendiam a extensão de cursos e não uma Universidade soberana.
Finalmente, conseguimos aprovar a lei. Meu mandato foi
causal e a Universidade veio de vez. Veio com a marca do gênio de Darcy
Ribeiro, com a vontade política de Leonel Brizola, com o apoio estrutural dos prefeitos Sérgio Mendes,
Anthony Garotinho e Arnaldo Vianna. E com o entusiasmo das nossas faculdades. Não
citá-los seria faltar com a verdade.
Não faço questão de homenagens. No entanto, não posso abrir
mão da verdade histórica. Quero uma Universidade cada vez mais envolvida com
nossa região e sua certidão de nascimento já foi redigida com essa preocupação,
por isso o campus disperso.
A UENF não é uma nave que desceu do Olimpo e pousou na
Planície, ela brotou como o facho verde da cana do barro goytacá.
FernandoLeiteFernandes, em 09 de agosto de 2013.
Fernando,
ResponderExcluirimportantíssimo o seu depoimento e, para ser justo, a sua humildade diante de tão grande feito regional! Fato incomum, devido a alguns quase "pigmeus" que habitam nesta planície. A UENF, apesar dos 20 anos de existência, ainda não foi totalmente absorvida em seu grau de importância pela sociedade campista, uma pena, mas certamente por pouco tempo, visto estarmos em processo de ativa participação, que certamente garantirá o entrosamento pleno para promover as efetivas mudanças para as quais somos - a região - vocacionados. Me atrevo a encostar na "beirinha" deste seu saudável orgulho, por fazer parte do processo educacional e ter tido a honra de idealizar projetos de arquitetura para o interior do Campus. Parabéns, UENF, parabéns a todos os que direta ou indiretamente se dedicaram a este grandioso feito.
Foi uma luta dura, estávamos lá presentes em nosso Mandato Popular e, é muito bom esse resgate histórico que fizestes, caro Fernando Leite, afinal é importante esse registro, pois da forma que a cada comemoração de existência da UENF, esse "esquecimento" de quem possibilitou a existência da instituição é, no mínimo estranho, é como se a universidade tivesse surgido por uma espécie de geração espontânea, como se ela não tivesse pais, e ela tem, as digitais, o DNA do nosso mandato popular (do qual me orgulho de ter participado) estão lá, como marcas indeléveis que não conseguirão apagar. Fraterno e forte abraço.
ResponderExcluirCaro Fernando Leite,
ResponderExcluirAcho oportuna essa Verdade histórica, pois alguns (como eu) desconhecia o "embrião"...
Ainda semana passada,em Niterói,citei numa conversa com alguém de lá, o orgulho de ter a UENF em nossa cidade.
Senti a chamada "coceira no bairrismo"!
Abraços,
Walnize Carvalho
Parabéns! Vc merece sim essas homenagens.
ResponderExcluirQue Deus te ilumine!