ELEIÇÕES DE 2012: A ENCRUZILHADA HISTÓRICA DE CAMPOS

Lamentavelmente nós não temos cultura política, temos cultura eleitoral. Por isso a dificuldade de entender que é, perfeitamente, possível fazer política sem ser candidato à nada, sem estar em partido algum. Fazer política cidadã. Aliás, respirar é um ato político. Não é partidário, nem eleitoral, mas político, na acepção do termo.

Não tenho nada contra partidos, mas por definição etimológica e sociológica partidos são “partes”, alguns são menos que isso, são guetos e, via de regra, têm visões amputadas por suas conveniências e estatutos. Vivemos uma hora tão grave em que é necessário estabelecer com a sociedade campista um diálogo mais amplo, acima das limitações partidárias. Contudo, não nego que os partidos são instrumentos importantes da Democracia.

Pelo que tenho ouvido e visto, em Campos, a única forma de enfrentar a portentosa maquina de guerra eleitoral montada pelo deputado Garotinho para eleger seus candidatos e dizimar os adversários, principalmente, é contagiar a sociedade independente, que é maioria, do espírito cívico, da soberana e instransferível seleção democrática que deve marcar o processo eleitoral republicano.

A luta contra a política implantada pelo Garotinho, do atraso, do ódio político e fundamentalista, de atrelamento da miséria ao seu projeto personalista de administrar, como massa de manobra, sem criar condições concretas de sua libertação – dou a casa, com o recurso público, mas quero o voto eterno; dou a passagem a 1 real, mas quero o voto eterno; dou o prato de comida a 1 real, mas quero o voto eterno – tem que ser dos que têm liberdade pra pensar e decidir. É fundamental, é imperioso ideologizar a eleição municipal de Campos.

Os que se opõem ao seu método não podem cair na armadilha que ele quer montar de um confronto entre pobres e ricos, porque somos um Município em que, pelos sucessivos orçamentos bilionários já era para a miséria absoluta, a miséria pedinte ter alçado o patamar de classe média. Já houve meios de erradicar a pobreza absoluta. A luta que haveremos de travar terá que ser entre os que querem um Município próspero, justo, moderno, resolvido na sua infraestrutura e confortável para todos e os que querem mantê-lo reduzido a um mísero curral eleitoral, com alegorias aqui e penduricalhos acolá.      

Não alimento expectativas de controle absoluto por parte da Justiça eleitoral quanto ao pleito, à despeito de sua boa vontade e seu dever institucional. O mercado do voto, em Campos, cresceu absurdamente, espalhou filiais, instituiu formas próprias de pagamento e incorporou o cheque e o cartão de crédito na negociata.Virou business. Os intocáveis de Eliot Ness, na Chicago dos anos 30, perderam varias batalhas para a Mafia de Capone, que também era grande, até vencê-lo de vez. No caso deles, uma batalha perdida era um carregamento de wisky levado aos receptadores, no nosso caso, uma batalha perdida significa uma gestão ilegítima por longos e intermináveis 4 anos. O Partido oficial anuncia, à bandeiras despregadas, um curso de formação de lideranças que é, na prática, a arregimentação de um exército de militantes pagos, um modelo Casas Bahia de compra de votos, em prestações mensais. Fatia a maquina pública entre partidos, coopta, seduz e transforma as inaugurações forjadas em autênticos showmícios extemporâneos, isso sem falar no bombardeio diuturno promovido pela mídia própria e pela alugada. A guerrilha incansável e goebbeliana da propaganda. Ademais, ninguém sabe quantos terceirizados existem, hoje, na administração investigada pela Operação Cinquentinha.

Garotinho é macunaímico. Garotinho é perdulário quando se trata de política eleitoral. Com todo nojo que tenho das teorias sobre eugenia, sou forçado a concordar que no seu caso específico, trata-se de um exemplar da sub-raça da política. Não há nisso nenhuma intenção de ofensa, mas de constatação científica e social. Sua lógica é: vencer não tem preço.

É fundamental para a Democracia, para o futuro emergente de um Município que cresce a cada dia e ao invés de ordenar-se como uma cidade resolvida, se transforma numa imensa periferia disforme, controlada por milícias eleitorais, vencer a força conservadora e necrosada, com a alternativa que melhor lhe convier. Mas que seja alguém que represente uma política capaz de edificar o futuro e não transformá-lo ou consolidá-lo numa ameaça.

Nesse sentido, os partidos com seus vícios expostos mais afastam a sociedade do que aglutinam setores que do alto de sua indignação deveriam canalizar sua revolta cívica contra os vendilhões da política fácil, ao invés de protestar na praia, na mesa de bar, na multa irrisória do voto jogado fora. Justamente o voto que fará toda a diferença nestas eleições vitais de 2012.

Mantenho aceso o lume de minha esperança que a sociedade de Campos, historicamente, soberana e altiva vai tomar o processo nas mãos, vai passar ao largo da histeria dos partidos que defendem seus feudos na administração, dos candidatos vazios, dos candidatos pavões, dos mamulengos e escolher alguém segundo seu julgamento, longe dos esquemas viciados eleitorais, do voto vendido, sem a imposição direta ou indireta do impostor de plantão.

Eu creio e não quero fazer poesia com o que ora escrevo. Quero registrar o alvorecer de uma nova história.

FernandoLeiteFernandes