Roque, Pereira Junior e Zezé: um tempo de divergências civilizadas |
Prezado amigo Fernando Leite,
Escrevo esta para pedir-lhe carinhosamente que poste em seu blog essa carta, pois o nosso amigo Zezé Barbosa está doente, e precisa de nossas orações. Assim como toda a sua família: Seus irmãos,Tia Zaíra, filhos, genros, noras, netos e netas precisam do nosso apoio, carinho e amor nesse momento de muita angústia e expectativa pela recuperação de alguém tão querido para todos.
Desde que me dou por gente Tio Zezé, como o chamo, é amigo da minha família. Desde sempre ele esteve ao nosso lado em todas as nossas tribulações, seja com uma intervenção, conversa, orientação, ou apenas um sorriso, ele sempre se fez presente.
Eu mesma muitas vezes o procurei para ouvi-lo, para aprender com ele. Foram muitas lições. Escrevendo agora as lágrimas chegam junto com as imagens muito claras de seu semblante, seu jeito carinhoso, mas decidido, forte e comunicativo.
No escritório, na varanda, ou na sala de sua casa, quantas horas de conversa, lições que levarei para toda a minha vida. Com o ele aprendi que ser inteligente é muito mais do ter conhecimento técnico ou acadêmico sobre um assunto, é saber negociar sempre, inclusive para que esse conhecimento possa ter utilidade. No ano que está terminando (2011), muitas vezes eu pensei em procurá-lo para trocar idéias, mas sabendo da delicadeza de seu estado de saúde, não tenho querido incomodá-lo. Estou com muitas saudades dele e as suas caríssimas lições de vida estão me fazendo falta.
Toda pessoa que tem a pretensão de, um dia, fazer algo pela cidade de Campos tem que estudar na cartilha de Zezé Barbosa. Ele foi prefeito não uma, mas três vezes no município. Pôs a cidade no século XX, e propiciou que ela entrasse no século XXI com as obras de infra-estrutura realizadas.
Antes de Zezé, Campos era uma “roça”, não tínhamos ruas asfaltadas, Guarús não tinha uma única rua calçada. Não havia redes de águas pluviais, esgoto, tudo na cidade era improvisado. Eram poucas as escolas, apenas a rede estadual. Não existia os Postos de Urgência (PU) de Guarús nem da Saldanha Marinho. Os bairros não tinham praças, eram terrenos onde as pessoas se reuniam, sem o menor conforto, nem bancos existiam ou canteiros floridos. O trânsito era caótico, todas as ruas eram mão dupla, sem o menor estudo técnico de fluxo.
Zezé foi para muita gente “o prefeito do interior”, toda a malha de estradas municipais que existem hoje foi implantada pela administração de Zezé Barbosa. Todos os postos de saúde, as escolas municipais, enfim, todos os serviços que hoje existem no interior do município, foram iniciados na gestão de Zezé Barbosa. E a boa relação com os governos estaduais o propiciou convênios e parcerias para que o estado, a pedido dele pavimentasse, melhorasse ou estendesse a malha estadual. Entre as estradas beneficiadas com tal ingerência estão: RJ-216 (Campos - Farol), RJ-230 (Campos – Bom Jesus do Itabapoana), RJ-224 (Campos - São Francisco do Itabapoana), RJ-158 (Campos – São Fidélis), RJ-204 (Campos – Santo Eduardo), e tantas outras. No interior do município ainda encontramos abrigos de passageiros cujos bancos em marmorite ainda guardam a informação de que aquele serviço foi obra de Zezé Barbosa!
O Centro de Saúde, (o tradicional que ainda funciona na esquina das ruas Voluntários da Pátria com Gil de Góes), prestava atendimento à população no ambulatório, odontologia e na vacinação.
Naquele tempo não faltava vacina, remédio, merenda ou pagamento a fornecedor. Não tínhamos superfaturamento de obras, escândalos políticos, “pássaros” da Polícia Federal prendendo funcionários de primeiro escalão, operações na calada da noite ou no despertar da manhã. Afastamento ou ordem de prisão de autoridade. Os telhados não eram de vidro e sim de responsabilidade.
Todos eram respeitados, os três poderes exerciam suas funções e nunca alguém ligado ao executivo se referiu ao judiciário como “bandidos de toga”. Havia ética, respeito e honestidade.
A prefeitura era lugar de trabalho do prefeito, onde ele sempre estava lá trabalhando, e não acampando ou desrespeitando nenhuma ordem. Quem queria falar com o prefeito ia lá e simplesmente falava com ele. Ele sabia que o trabalho dele era atender ao povo, e não ao seu grupo ou a ele próprio.
E Zezé Barbosa fazia religiosamente isso: todo o dia, ia para o Gabinete do Prefeito, que funcionava no “Triturador”, (ao lado do cemitério do Caju), atendia todos os que procuravam por ele e procurava fazer com que as solicitações destes fossem realizadas. De lá saía para visitar as obras, as pessoas, as localidades. Fazer o seu trabalho, não apenas aparecer no dia da inauguração para fazer “festa”, nem serenata.
E pasmem: naquele tempo não tínhamos Royalties! Na verdade só temos Royalties hoje, graças ao trabalho dele junto ao Governo Federal, Câmara dos Deputados e Petrobrás.
Hoje eu gostaria de fazer um pedido a todas as autoridades campistas: “nosso” Zezé, está doente, se Deus quiser, e atender às nossas preces, vai se recuperar. Mas a passagem do tempo para ele já começa a pesar, não esperem o tempo dele ao nosso lado findar, para agradecer tudo o que fez pelo município. E ainda faz, já que a garantia de ter um inigualável conselheiro, na proximidade da Chácara de Guarús, propicia a todos tomar decisões mais seguras e equilibradas para toda a cidade. Homenagem póstuma é o recurso daqueles que só se dão conta do valor, quando não há mais tempo para agradecer pessoalmente.
Façamos a devida homenagem a ele agora, mostremos a ele nossa gratidão pelo amor ao município. Pois se somos o que somos hoje, muito devemos ao trabalho dele outrora.
Muito obrigada.
Ana Paula Paiva
FORÇA ZEZÉ! ESTAREMOS REZANDO POR VOCÊ!
ResponderExcluirCom absoluto respeito ao homem, mas ...foi o prefeito que permitiu a derrubada do Trianon,
ResponderExcluirque governava para seus ¨compadres¨ e dava emprego apenas para seus eleitores numa política de compadrio absoluto.
Melhoras Sr. José Carlos, seu familiares e amigos certamente precisam do senhor.