Caro leitor,
Pode parecer estranho a primeira vista que a Igreja Católica “se meta com política”. Realmente atualmente, os comportamentos de alguns políticos denegriram de forma tão absurda a política, que parece indigno que uma instituição séria, renomada como a Igreja Católica possa se envolver em tamanha confusão. É verdade! Esse é o primeiro sentimento de todos, principalmente dos católicos leigos. Mas isso é um equívoco.
Política séria, honesta e praticada para o bem comum, que é a política pura, é coisa de cristão católico, sim! Está nos Evangelhos, basta ler atentamente e analisar algumas célebres situações da Sagrada Escritura. Não vou me alongar em citar caso a caso apenas exemplificar: no Antigo Testamento, durante toda a caminhada de Moisés na fuga do Egito, o povo aprende a viver e a formar uma comunidade de fé, mas também a viver em harmonia com o seu igual, com seu irmão. Isso é fazer política. No Novo Testamento, grande parte do Livro dos Atos dos Apóstolos é dedicada a descrever com detalhes a vida na comunidade cristã que se está sendo formada. Situações como a partilha (de tudo, desde alimento até o apoio emocional aos necessitados), direitos e deveres de cada um, o papel de cada membro na hierarquia social em construção.
E o mais importante, Cristo foi político! Basta analisar os Evangelhos e veremos que os atos de Jesus, suas escolhas muitas vezes são dirigidas a nos ensinar didaticamente como proceder em sociedade: respeitando os costumes, as autoridades constituídas, mas se indignando de forma serena e equilibrada com as injustiças. Esse é o desafio!
Existe uma linha tênue entre a indignação e o desrespeito, o cristão deve sempre tê-la a vista para não se perder. Indignar-se com alguma injustiça é nobre e natural ao homem, é cristão. Acomodar-se diante da injustiça, temer a ira do mal é que não é cristão, nem católico.
Jesus veio para que tenhamos vida em abundância, veio nos libertar. Como ser livre diante da opressão da censura? Da miséria da falta de saneamento básico? Da fome insaciada de oportunidade? E esses não são grilhões que escravizam a nossa sociedade atual? O cristão deve se indignar contra tal escravidão.
A verdadeira política praticada pelo cristão não é partidária nem oportunista, não deve atender a um objetivo particular e sim ao bem comum. A Igreja não tem partido, os erros devem ser corrigidos, não importa quem os pratique. Não podemos abonar ações equivocadas nem mesmo daqueles de quem esperamos ações corretas. Amar é perdoar os erros, não escondê-los.
A justiça praticada pelo cristão deve ser sempre cega. Devemos sempre lutar por ideais de justiça, igualdade e liberdade para todos, não importando para quem. Os atos, não ligados à situação de injustiça, daqueles que serão beneficiados com a luta do cristão não devem ser analisados. Não nos compete “escolher” quem é ou não, digno de ser defendido. O cristão católico é soldado de Cristo, é Ele, e somente Ele, quem escolhe quais batalhas devemos lutar. A nós cabe escolher as armas e partir rezando para sermos capazes de praticar um bom combate.
Se ainda restou no seu coração alguma dúvida quanto a engajar-se ou não na vida política, a Igreja Católica tem toda uma doutrina voltada para a vida social. Essa doutrina foi elaborada através de documentos papais (encíclicas), estudo e análise da Sagrada Escritura, da Tradição da Igreja, de textos antigos dos Patriarcas da Igreja, do Catecismo da Igreja Católica (CIC), dentre outros. Enfim, material reunido, analisado ao longo da história da Igreja. Toda essa riqueza de informação e aprendizado chama-se Doutrina Social da Igreja, ou DSI, e está à disposição de todos, católicos ou não. É um presente da Igreja Católica a humanidade, para a construção de uma sociedade realmente justa.
Ainda restou dúvida? Não está realmente seguro para começar a luta? Quer um exemplo concreto, atual, palpável? A queda do muro de Berlim, a dissolução do bloco socialista na Europa teve como principal articulador, ninguém menos do que o então Papa, e atualmente Beato, João Paulo II! Basta pesquisar e analisar as articulações políticas que ele fez para libertar todo um continente da opressão comunista. Pessoas que não tinham oportunidades, perspectivas, liberdade de escolhas, passaram a tê-las. E o que foi mais bonito, João Paulo II com a humildade e serenidade que lhe eram peculiares, não quis para si nem mesmo o reconhecimento do feito, contentou-se com a alegria no coração vinda da certeza de ter feito um bem enorme para a humanidade. Esse fruto da libertação cresceu e se espalhou para vários outros países fora do continente europeu libertando ainda mais pessoas, uma verdadeira corrente do bem!
Pense nisso, estude, analise, medite e se assim decidir: entre na luta. Eu estou nela.
Ana Paula Paiva
Engenheira Civil
Se os ditos ¨crentes¨(em minha opinião todos somos crentes pois cremos em alguma coisa até que não existe crença!), USAM a igreja para seus fins por que não outras?
ResponderExcluirPau que dá em Chico dá em Francisco Óxente!
Quanta bobagem! Até entende-se que a autora é uma operária, uma engenheira, e não gasta neurônios senão com números.
ResponderExcluirAvelino