Prezado campista,
Nosso povo já foi conhecido em todo o país por suas gloriosas lutas. Desde o tempo que se iniciou o relato sobre as pessoas que pisavam esta terra as histórias sempre retratam guerreiros nobres, pessoas com ideais, de caráter bem formado e sem medo.
Desde os índios, primeiros habitantes das terras Goytacazes, sempre se lutou com valentia e honra na defesa da terra; e dos frutos desta tão rica e sensível região. E em defesa de ideais como: liberdade, paz, honestidade e prosperidade.
Essa terra foi berço de Benta Pereira, nobre mulher viúva que não se dobrou ao poderio da classe dominante da época, tendo a coragem extrema de até pegar em armas para defender nossa terra. Saiu para a capital em busca de ajuda, tendo como local de encontro uma clareira, às margens do Rio Paraíba, hoje no local há uma praça, em homenagem às quatro viagens empreendidas pelo grupo, o nome da praça é Praça das Quatro Jornadas.
Também foi campista de Morro do Coco, o Advogado Nilo Peçanha, abolicionista mulato de cabelo crespo, e nariz abatatado, com origem humilde e grandes ideais. Foi ridicularizado, várias vezes por causa da cor de sua pele, odiado por alguns pela modernidade e radicalidade de suas lutas. Mas as adversidades e as zombarias não o impediram de lutar, de dar sua contribuição à história nacional, pondo sua marca própria: participou da campanha abolicionista e republicana. Mas ele ainda queria mais, e conseguiu: conquistou o mais alto cargo da política nacional: ele foi nosso sétimo Presidente da República.
Não vou me alongar citando outros nobres homens e mulheres que pisaram nesse solo, que beberam da água do Rio Paraíba aqui, nessas terras. E que, portanto foram contagiados pelo pulsante amor pela terra goitacá.
Eu por exemplo, apesar de humilde cidadã, fui acometida por essa forte paixão. Não nasci campista, mas me tornei campista. Talvez até muito mais do que alguns que aqui nasceram, já que não tiveram opção, nasceram e pronto. Eu não, escolhi viver aqui.
Eu nasci em Piraí, no sul do estado e vim para Campos ainda bebê com meus pais. Para concluir meus estudos mudei-me ainda jovem para o Rio de Janeiro. Após dezessete anos morando na capital eu me sentia um peixe fora d’água. Aquele não era meu espaço, meu lugar, eu não pertencia àquela paisagem.
Talvez faltasse o cheiro do vinhoto, o carvão das queimadas caindo nos meus cabelos, o vento nordeste a uivar nos prédios, o mar cor de café-com-leite. Sentia falta da conversa fácil dos “homens de negócio” que passavam à tarde no “cospe em pé”, comprando e vendendo coisas. Uma verdadeira bolsa de valores! Não sei direito, do que sentia falta, só sei que faltava CAMPOS! Até nosso caldo de cana é o mais saboroso do país, e olha que eu já experimentei vários, em vários lugares. Pois, como disse, estava procurando meu lugar, meu sabor, meu amor verdadeiro. Mas meu lugar é aqui, sou campista!
Então voltei para minha cidade, para minha terra, vim saciar minha sede de reencontrar esse povo aguerrido, assim como eu: forte, lutador, que pensa e se comporta como eu!
E o que eu encontrei? Um povo acomodado e comprado. Comprado por R$1,00 (um real)! A política do pão e do circo está institucionalizada aqui na minha doce e querida Campos. O pão custeado pelas benesses do governo com todas as “bolsas” existentes e possíveis (e até as incabíveis), para seus séquitos; e o circo, com shows para distrair e mascarar a falência cultural, política, econômica e social da cidade: Nosso centro histórico está em ruínas; o comércio falido vive das glórias do passado; as escolas sem professores, sem merenda, sem material; os postos de saúde e hospitais, sem médicos, sem remédios e sem vagas! As pessoas são atendidas nos corredores!
A todo o momento um escândalo novo aparece, “Nanongate”; “operação cinquentinha”; prefeita que é afastada, mas volta depois de uma gestação; as instituições se os repasses; demissão em massa na construção civil por falta re pagamento da prefeitura; os buracos pintados das ruas de cor de rosa; antecipação de valores pagos a empreiteiros; obras paralisadas, superfaturadas. E a prefeita sobe no palco para CANTAR! E cadê o nosso povo? Está na platéia? Aplaudindo esse show de desrespeito?
Eu não estou incentivando uma revolta armada, quebra-quebra, invasão de prédios públicos, nem destruição de coisa alguma. Eu estou perguntando por qual motivo ainda não fomos para as ruas, de forma organizada e pacífica falar que exigimos respeito, lisura e planejamento na administração do orçamento bilionário da PMCG.
Com mais de R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), nossa cidade deveria ser exemplar em termos de ordem, conforto, limpeza, segurança, com trânsito organizado, as ruas bem iluminadas, além de vários outros serviços públicos que não se vê aqui. Que, aliás, serviços esses que são contratados e pagos, porém não executados a contento. Falta administração, governo!
Os servidores deveriam ser todos concursados, receberem salários dignos e todos os demais direitos trabalhistas, em dia; nossas ruas deveriam ser como tapetes, de tão bem cuidadas; nossas escolas, creches, hospitais e postos de saúde modelos para todo o país; temos dinheiro sobrando para tudo funcionar bem. E por que motivo tudo funciona tão mal? Falta administração, governo verdadeiramente voltado para o povo. E vamos fazer o que a respeito?
Voto é procuração! Se eu dou uma procuração para alguém comprar uma bicicleta, por exemplo, e a pessoa não faz a compra de acordo com as minhas expectativas, eu caço a procuração! Ora, a administração municipal está de acordo com as expectativas de quem? Do povo? Ou da própria administração? E a prefeita viaja, tira férias ou vai cantar! De oficial ela só canta!
Existe um dito popular que diz: “Quem canta, seus males espanta!”, meu avô materno dava seu “toque pessoal” e o ditado ficava assim: “Quem canta, seus males espanta e encanta!” E talvez ele tenha razão: Estamos como que num transe, enfeitiçados, encantados mesmo! E não tomamos nenhuma providência!
E falando em dito popular, eu gostaria de informar que se engana o campista que pensa que o ditado “Campista nem fiado nem a vista!”, refere-se à falta de credibilidade de nossa gente, muito pelo contrário! Esse ditado nasceu da recusa do povo campista em vender terras para Silvério dos Reis (o traidor de Tiradentes), que, segundo disseram, seriam compradas com o dinheiro recebido da coroa portuguesa em troca da delação. Os campistas não aceitaram a transação de forma alguma, nem com pagamento “fiado”, nem “a vista”. O povo campista daquela época não se vendia e o povo campista de agora?
Ana Paula Paiva
Ótimo texto, resume bem como nosso povo pensa e age sobre a vida política, sem nenhum compromisso com sua própria vida.
ResponderExcluirParabéns pelo post,
Leandro Tavares.
Discordo que seja um ótimo texto.Saudades de fuligem e cheiro de vinhoto?A senhora comete o erro dos mal informados e daqueles que querem aparecer agradando a elite que do alto de sua soberba culpa o povo por tudo.O povo não está inerte não senhora.Ele está nas organizações da sociedade civil(a senhora pertence a alguma?),está nos sindicatos lutando por melhorias(já viram a senhora levantando alguma bandeira?),estão nos Conselhos,lutando contra os poderosos(a senhora pertence a algum?)estão nas reuniões dos assentados(já viram a senhora lá?)estão tentando sobreviver porque pessoas como a senhora perdem tempo questionando o povo e não abraçando a luta.Se a senhora ama tanto este povo,poste suas maravilhosas contribuições para com esta terra e a reconheceremos como campista.Porque nós,verdadeiros campistas,estamos construíndo esta cidade,aos trancos e barrancos,errando sim,mas sem desistir de acertar.Já que gosta tanto de ditados,aí vai um de presente:macaco olha o rabo dos outros e esquece o seu.Mais trabalho e menos filosofia.Para bla bla bla não precisamos importar ninguém.Já temos o suficiente.
ResponderExcluirAna Maria-Associação de pescadoras de Farol e região
À luta!
Ana,
ResponderExcluirVolte para Piraí porque você pirou por aqui!O povo campista continua lutador,bravo,guerreiro.Estamos na luta.Sempre.Ganhamos umas,perdemos outras,mas não entregamos os pontos não,"querida".
Apenas um adendo.
ResponderExcluirO povo não se encanta.O povo se espanta , fenece e se entristece diante de tanta desafinação.
Mas coitado.Faminto..., miserável e sem autonomia fica esperando as migalhas , as malditas migalhas jogadas por crápulas, para assim sobreviver mais um dia.
Apenas m-a-i-s u-m d-i-a.
ASSIM COMO A MAIORIA DO POVO SIVÍLCOLA, O POVO CAMPISTA ESTÁ EM EXTINÇÃO, SURGINDO EM SEU LUGAR UM POVO SUBALTERNO QUE SE RENDEU AO REGIME ESCRAVAGISTA CONTRARIANDO SUAS GLORIOSAS RAÍZES.
ResponderExcluirO QUE VEMOS HOJE, NUNCA PODERÁ SER COMPARADO COM O PASSADO DE GLÓRIA DE UMA NAÇÃO QUE NÃO ACEITOU A ESCRAVIDÃO IMPOSTA PELOS HOMENS BRANCOS, ESTRANGEIROS, E POR ISSO A NAÇÃO GOITACÁ FOI EXTINTA, SURGINDO UMA NAÇÃO MOVIDA POR INTERESSES MERCANTIL.
QUANDO ME REFERI À NAÇÃO CAMPISTA, NÃO ME REFERI À NAÇÃO GOITACÁ, POIS, ESTA JÁ NÃO EXISTE MAIS. O QUE FICOU EM SEU LUGAR GOZANDO DAS BENESSES DESTA MARAVILHOSA PLANÍCIE FOI UM POVO VENDILHÃO, MERCADOR, QUE SÓ OLHA PARA O PRÓPIO UMBIGO, E NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA O FUTURO DE UMA CIDADE QUE OUTRORA SE ORGULHAVA DE TER UM POVO AGUERRIDO E VOLUNTARIOSO QUE NÃO SE DOBBRAVA POR NEM UM MIL RÉIS E MUITO MENOS POR UM REAL.
HOJE ESTE POVO QUE SE ACOVARDOU DIANTE DE PODEROSOS, PODEROSOS ESTES, QUE NÃO TEM PINGO DE MORAL, CHORA E LAMENTA SEU PASSADO, POIS, O PODER BILIONÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES CONTINUA SENDO USADO PARA O PROCESSO DE ESCRAVIZAÇÃO COLOCANDO ESSE POVO QUE SE VENDEU NA CATEGORIA DE MENDIGOS, NÃO SABENDO ESSE POVO, QUE O QUE ESTÁ SENDO COMERCIALIZADO É O FUTURO DESTA MESCLADA NAÇÃO, QUE AINDA RELUTA EM COMBATER UM PROCESSO NATURAL DE EXTINÇÃO QUE DEGENERA QUALQUER ORGANIZAÇÃO POPULAR.
QUANDO NOS COLOCAM NA PRATELEIRA COM UM PREÇO IRRISÓRIO DE 1 REAL MEU SANGUE GOITACÁ FERVE NAS MINHAS VEIAS ME COBRANDO UMA REAÇÃO.
MUITO ME ORGULHO DE TER NASCIDO CAMPISTA. PORÉM, O MOMENTO CRUCIAL QUE PASSA MINHA QUERIDA CAMPOS DOS GOYTACAZES, FAZ COM QUE MUITOS DIGAM QUE TEM VERGONHA DE TER NASCIDO AQUI. ENTÃO ME FAÇAM O FAVOR, NÃO TENHAM SEU FILHOS AQUI, PROCURE UM LUGAR ONDE VOCES POSSAM NEGOCIAR O FUTURO DESTAS CRIANÇAS E NÃO SEJAM SENSURADOS. MAS, SE QUISEREM CONTINUAR POR AQUI, SINTAM-SE À VONTADE PARA PROCLAMAR VERDADEIRAMENTE CAMPOS DOS GOYTACAZES, NOSSA CIDADE, NOSSO AMOR.
Concordo com o adendo do anonimo da 00:01 e parabeznizo à campista por adoção.
ResponderExcluirQto a Ana Maria da Associação dos pescadores do Farol menos rancor em seu coração e mais discernimento e solicitude com quem, campista por nascimento ou adoção, deseja uma Campos mais digna para todos.
Triste é vermos importação de secretários-negociadores e não realizadores.Secretários estes, muitas e muitas vezes, importados para fins impublicáveis , e que , depois de 3...4 anos voltam para suas terrinhas cheios de dinheiro levados dos campistas.
BEM -VINDOS OS BEM INTENCIONADOS.
SOU CAMPISTA DE NASCIMENTO E QUERO MINHA AUTO ESTIMA-CIDADÃ DE VOLTA!
Concordo com Mistersales.A maioria virou vassalo de uma minoria que só quer viver a custa do desconhecimento e da miséria alheia.
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