TELHADO DE VIDRO: 3 ANOS

                                                      Recordar é sofrer

Manhã de 11 março, de 2008, o que todo mundo esperava, aconteceu: Policia Federal em Campos, mandados de busca e apreensão e de prisão, vários integrantes do governo do prefeito Alexandre Mocaiber (PSB), foram presos. Junto com eles alguns empresários. Alem de busca na casa dos acusados a polícia também foi em alguns órgãos públicos, foi o bastante para toda cidade entrar em ebulição, era comum ver pessoas paradas ouvindo radio, nas esquinas. Todos afoitos por noticias e querendo saber o que estava acontecendo.

Além de o prefeito ser afastado, o Ministério Público Federal pediu a sua prisão, ele só não foi preso porque, exercia o cargo de prefeito, foi salvo pelo salvo conduto. A investigação durou 8 meses, e as acusações foram por formação de quadrilha, superfaturamento de obras e fraudes em licitações públicas. Em meio a muitos boatos e alguns exageros, por meio de alguns veículos de comunicação, o vice-prefeito Roberto Henriques assumiu a prefeitura, cercado de aliados do ex-governador Garotinho (PR). Primeira medida do prefeito interino foi afastar os secretários e cargos de confiança acusados e investigados pela polícia.

Outro capitulo à parte, foi a vazamento da investigação e escutas telefônicas feitas pelo grupo opositor ao prefeito. A investigação do Ministério Público Federal estava em sigilo de justiça. A semana que sucedeu a operação foi de fortes emoções, o grupo do ex-governador, foi ao seu programa, apresentado aos sábados, não faltaram acusações para antigos aliados, para a câmara de vereadores, judiciário, entidades filantrópicas. Foi num desses sábados pela manhã, que o então vereador Marcos Bacellar entrou, ao vivo, no ar e teve uma discussão acalorada com o Garotinho, com acusações de ambos os lados.

A gestão do prefeito interino Roberto Henrique, foi marcada pela austeridade e uma tênue independência política, levando pro seu governo alguns desafetos do ex-governador (ele nomeou para ser seu secretario particular, José Mauricio Linhares) mas sua gestão só durou 43 dias. O prefeito Alexandre Mocaiber, voltou ao cargo depois de conseguir uma liminar no STJ. Campos chegou a ficar com 2 prefeitos em um mesmo dia, uma liminar voltava Mocaiber e outra dada pela justiça federal afastava o prefeito de novo.

Quando reassumiu a prefeitura, Alexandre Mocaiber já não tinha mais apoio político, alguns partidos da base deixaram o governo, depois que o “avião preto” foi embora de Campos. Secretários e aliados estavam presos no Rio de Janeiro, e seu governo estava sob um festival de acusações. Eram denúncias de corrupção para todos os lados, desde Programa saúde da Família até superfaturamento de shows passando por contratação de terceirizados.   

O tempo passou, já estamos perto de completar 3 anos em que a Policia Federal, aqui aterrissou. De lá pra cá muita coisa mudou, varias pessoas que, em outrora eram chamados de ladrão, hoje fazem parte do governo, em que antes era de oposição, seja na Câmara, primeiro, segundo e até em terceiro escalões. Fácil explicar, muito mais difícil entender. Os processos, pelo que temos noticias pela imprensa, estão em fase de julgamento, os envolvidos só serão presos (se forem!) depois de, efetivamente, condenados em ultima instancia.  É o que determina o chamado Estado Democrático de Direito. O Ministério Público Federal, fez a parte dele: investigou e denunciou.  Agora falta a justiça julgar os acusados e eles se defenderem. Se condenados vão pagar o que devem.

Para os envolvidos e, reconhecidamente, culpados as duras penas da lei, para sociedade, que paga a conta final, que lição tira de tudo isso?  Essa resposta, meu caro, só o tempo dirá.

João Gabriel Leite Fernandes

Do site: DivulgaCampos.com.br