É provável que Mol tenha lido o livro Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, do inglês George Orwel, publicado em 1949, que narra a saga de um rebelde, a quem competia cuidar da propaganda oficial de um regime totalitário de um país qualquer, mas que resolve inverter a ordem estabelecida e enfrentar o sistema.
O romance é premonitório, mas, ao contrário do programa, especialmente o produzido pela TV Globo, no Brasil, com 10 edições já exibidas, desenha o modelo de controle, via câmeras de TV, como ferramenta de uma sociedade oligárquica e totalitária e, como tal, moralista e conservadora.
No livro, Orwel fala de conceitos inventados pelo sistema para aprimoramento do modo de dominação, como a refinada “Novilíngua”, uma intervenção estatal na linguagem, com o sentido precípuo de reduzir o código de expressão oral e, dessa forma, limitar a capacidade de livre pensar dos cidadãos. Objeto supremo de desejo das ditaduras.
O livro Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é uma crítica conceitual, filosófica de uma onda que instaurava sociedades coletivistas, na época, pelo mundo, a partir da revolução bolchevique de 1917.
O programa de TV é a negação do roteiro do livro, da descrição do sistema mão de ferro para o controle social. O BBB televisivo e global é uma exploração desmedida da vaidade humana e da ambição pelo dinheiro. Está longe de ser um mecanismo de repressão de hábitos e costumes, é, na verdade, um zoológico humano, sob o comando de uma ilha de edição que induz os enjaulados ao sexo gratuito, à promiscuidade, à intriga, ao desafeto e de resto à todos os vícios. Tudo para deleite de uma platéia numerosa e bem comportada.
O programa pode ter até copiado a forma de controle social descrita no romance de Orwel, mas nunca o conteúdo.
Ainda agora, numa manobra descarada pela audiência fácil, os editores do show inventaram uma casa de vidro, instalada num shopping no centro do Rio de Janeiro, onde defenestrados da casa principal, imploram à população que se espreme para vê-los, que os reconduzam, pelo voto, de volta ao programa. Sonham com a fama fugaz, os 15 minutos preconizados por Andy Warhol e um prêmio de 1 milhão e meio de reais.
Ora, se o programa é essa deplorável vitrine de açougue, então por que tanta audiência?
A mesa está posta para a Sociologia, para a Antropologia, para as Ciências Sociais, a Comunicação Social, para a Psicologia e para quem mais queira explicar a irrefreável morbidez humana.
Para ajudar no debate, não custa lembrar de outro inglês, Thomas Hobbes, filósofo do século XVII que já advertia, de velho, “o homem é o lobo do homem”.
Esta postagem merece aplausos!!!
ResponderExcluirDefinição perfeita: zoo humano(participantes e telespectadores).
São 29.000.000 (milhões) de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para ser eliminado.R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil reais, que o povo brasileiro gastou (e gasta), em cada paredão!
Triste é saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Realmente inesplicavél em todas as vertentes, pelo menos humana...
Sem a menor pretensão de esgotar o assunto,me inspiro , e em alguns momentos transcrevo, Zygmunt Bauman, sociólogo polones,que tão bem explora em seus livros a¨ líquida¨ sociedade contemporanea .
ResponderExcluirCartazes pelo mundo:¨Seu Cristo é judeu.Seu carro é japonês.Sua pizza italiana.Sua democracia grega.Seu café , brasileiro.Seu feriado, turco.Seus algarismos, arábicos.Suas letras ,latinas.Só seu vizinho é estrngeiro.
Com a globalização, Estados-Nações se divorciam, ou seja, Instituiçoes e pessoas não caminham tão ao lado uma das outras.
Fundamentando tal afirmação em Thomas Marshall, veremos que ele nos diz em sua tríade dos Direitos que:
O direito economico está fora das mãos do Estado;o direito político agora limitado e circunscrito numa única direção, ou seja, a do livre comércio neoliberal desregulado, e finalmente,o direito social substituido cada vez mais pelo dever consigo mesmo e pela garantia de vantagens sobre os outros.
Lugares em que tradicionalmente se investia os sentimentos(trabalho,família, vizinhança...) se tornaram indisponíveis ou não dignos de confiança.
Sede de convívio e medo de solidão e de abandono são lugares-comuns.
Daí a demanda ao que o Bauman denomina ¨comunidade guarda-roupa¨, que penduram seus problemas individuais , como o fazem os frequentadores de teatro com seus casacos numa determinada sala, para assistirem a um determinado espetáculo.
A vantagem de tais comunidades em relação ¨a ¨coisa genuina¨ é o mínimo compromisso necessário para ¨entrar¨ nelas e ¨aproveitar¨ .
¨Mas diferem da tão sonhada comunidade calorosa e solidária da mesma forma que as cópias em massa vendidas nas lojas de departamentos diferem dos originais produzidos pela alta-costura...¨
Qdo quantidade se sobrepõe a qualidade.
ResponderExcluirQdo números se tornam mais importantes que pessoas, estas, fatalmente são tambem reduzidas a mercadorias, ou seja, se tornam coisas a serem consumidas.
Inegável contudo que alguns valores cairam de podres pois a serviço de feudos patriarcais totalitários,modos institucionais autodegenerativos com o tempo, pois limitante,logo,incompatíveis com a vida e seu determinismo de sempre ¨ser¨, de acontecer.
Creio seja este um momento que será ultrapassado e nova configuração nos trará uma sociedade mais madura e indivíduos mais consciente de seu lugar no mundo, pois como dizia o Heráclito de Éfeso , ¨panta rei¨, ou seja, TUDO PASSA.
Parabens prefeita!
ResponderExcluir650 casINHAS já foram entregues, AGORA, SÓ FALTAM 9.350.
Só esperamos que não sejam de paredes tão finINHAS como as da cadeia de papel construida no gov 22,afinal, de big brother, BASTA O DA TV !