segunda-feira, julho 05, 2010

A GESTÃO TEMPORÁRIA E DESAFIADORA DE NAHIM

O prefeito interino, Nelson Nahim, chega ao Poder à fórceps. Mas a culpa não é dele. É das circunstâncias. E, aliás, que circunstâncias!
Sua gestão temporária se dá numa cidade dividida, sob o fogo insensato das paixões. Por isso, o prefeito ungido pelo caos político terá, antes, que ser um exímio equilibrista. De um lado, o governo herdado, de outro, a oposição em posição de ataque. Ao seu lado, poucos bombeiros.

Nelson Nahim, embora irmão do Garotinho, nunca gozou de privilégios por conta da consangüinidade. Desde sempre enfrentou exclusões no grupo que integra e isso não foi à toa. Foi preterido algumas vezes, pela ordem direta do chefe, porque não sofre de escoliose política. É um dos poucos que tem coluna vertebral ereta, uma ousadia muitas vezes inaceitável naquele conglomerado.  

Mas esperar que o prefeito Nahim rompa com as amarras da onipresente liderança de Garotinho é esperar demais. É querer demais. O gesto agradaria muito a oposição, é verdade, embora o colocasse em situação desconfortável junto a opinião pública, apartada de partidos políticos e ideologias. Além do mais, nem o mais ferrenho opositor nega que o grande artífice da vitória eleitoral da prefeita afastada, foi Garotinho e que é de sua autoria a carta náutica que baliza o balanço da nau oficial.

Agora também não cabe no perfil de Nelson a máscara de gestor de uma prefeitura policialesca, elevada a quinta potência do partidarismo sectário, arauto do moralismo conveniente. Não será fácil atravessar esse Rubicão. Mas, impossível também não será.

Não custa lembrar ao prefeito da ocasião, da sabedoria chinesa, que ensina a fórmula do fracasso: tentar agradar a todos. Com o currículo de vitórias eleitorais que tem, Nahim sabe, de velho, que, nessa história, quem não pode ser desagradado é o povo. 

Um comentário:

  1. Essa história, caro Fernando, conhecemos de cor, de priscas eras, lá dos idos dos anos oitenta, a relação nunca foi muito tranquila entre os dois, em determinado momento combatiam em trincheiras opostas. Mas o tempo foi passando, rolando águas debaixo das pontes, pontes foram construídas e permitiram que os irmãos pudessem ter um convívio mais harmonioso, pelo menos aparentemente.
    Nahim tem uma postura mais conciliatória e sabe da sua condição interina, mas sabe também que, mesmo de forma interina, tem que imprimir sua marca pessoal sob pena de passar pela História política de nossa cidade, como um ser apagado e subserviente, coisa que nunca foi e espero que nunca venha a ser, pelo bem de nossa cidade.
    A sabedoria chinesa, nos ensina também que um rio atinge seu objetivo porque sabe contornar todos os obstáculos que encontra pela frente. Eu desejo sorte e a proteção divina ao prefeito Nahim, ele vai precisar e muito.

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