segunda-feira, maio 24, 2010

PELAS CRIANÇAS

Ah, não há mesmo muito o que esperar de uma sociedade covarde. Uma sociedade que se protege com todas as cercas, porque se considera vítima da violência e não, parte dela.
Que assimila a cultura da complacência com crimes hediondos, especialmente a violência sedutora dos pedófilos. Se não é complacente, é omissa, o que consegue ser ainda pior.
Uma sociedade que se horroriza sempre à distância, muito à distância dos crimes quotidianos.
A mesma sociedade que alimenta a audiência dos programas vespertinos, que oferecem um cardápio bizarro de crueldades, a maioria praticada na periferia, longe, geográfica e socialmente, dos feudos nobres.
Uma sociedade, cuja ancestralidade, preparava suas filhas, ainda imberbes, para oferecê-las aos casamentos de conveniência do baronato agrário.
Meninas na flor da idade, que eram defloradas por seus maridos-algozes, com o santo consentimento das bem comportadas famílias. E cresciam as fazendas, ao preço do estupro permitido e conveniente.
Essa herança maldita, talvez seja o DNA dessa torpeza cidadã, dessa fraqueza em cobrar de seus agentes, porque públicos, notícias de apuração dos crimes de pedofilia e morte, que estão em ritmo do mais arraigado funcionalismo burocrático, nessa vila formosa de São Salvador dos Campos.
Contudo, não cansei. Nem cansarei.
Diante das estatísticas que apontam que os crimes abjetos de pedofilia se mantém, mesmo com toda exposição na mídia, não vejo outra saída, se não invocar duas instituições para a frente da luta mais renhida: a família e a escola, pela ordem.
Aguardar punição não tem resolvido o problema. Está claro. Então, o jeito é alertar as crianças, em casa e na sala de aula. Dizer-lhes, com todas as letras que precisam redobrar os cuidados com os monstros. E que eles existem! Que são piores que os que habitam as estórias infantis. São bestas em peles de cordeiros, capazes de molestar crianças e violentar bebês.
A luta não nos autoriza o desânimo. Que seja por nossas crianças. Todas, indistintamente. As nossas e as dos outros.

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