Vislumbro na mão aberta,
O resultado plástico
Da criação mecânica:
O telefone que fala, ilumina,
Ouve, ensina, canta,
Empina pipas anatômicas,
Dispara a voz, flecha atômica
Sobre os oceanos,
Sobre os humanos que amam
Nos confins do Himalaia.
Formas arredondadas,
Cristal líquido.
As curvas ainda mais
Sensuais que as da
Mulher recém-desabrochada.
O aparelho telefônico,
Fibra de vidro,
pétala fina de petróleo,
um bólido reluzente
e vivo.
Aperto-o na mão
Por alguns segundos
E o afundo no lago profundo
Da antiguidade que me rodeia.
Ao revê-lo já não me assombro
A tecnologia já sugou de seu fio
Um clone ainda mais esguio.
Ruiu sobre mim e ele
O passado faminto,
voraz.
Fernando Leite
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