Depois de uma badalada autobiografia, Rita Lee lança um livro de contos
RUAN DE SOUSA GABRIEL
24/08/2017 - 15h00 - Atualizado 24/08/2017 17h51
ÉPOCA – Como são diferentes os processos de compor uma música, escrever um conto e narrar a própria biografia?
Rita – São variações de expressão de um mesmo santo que baixa, e eu apenas o psicografo... Ter passado da poesia à prosa foi um processo espontâneo para mim.
Rita – São variações de expressão de um mesmo santo que baixa, e eu apenas o psicografo... Ter passado da poesia à prosa foi um processo espontâneo para mim.
ÉPOCA – Em vários dos contos de Dropz, há um elemento fantástico, como a menina que punha cabelo pela boca em “Hã?”. As narrativas fantásticas a atraem?
Rita – Gosto do fantástico: ele remexe com nosso mundinho certinho oferecendo cenas extraordinárias para nossa imaginação delirar sem pudores.
Rita – Gosto do fantástico: ele remexe com nosso mundinho certinho oferecendo cenas extraordinárias para nossa imaginação delirar sem pudores.
ÉPOCA – Cada conto de Dropz vem junto com uma ilustração. Como foi que você começou a desenhar?
Rita – Sempre estive metida com tintas e pincéis... Já desenhei até capas de discos... Quando eu tinha 17 anos, fiz o retrato de cada um dos Beatles no papel de embrulhar pão, ainda tenho isso. Às vezes, instagramos algumas artes que faço sobre fotos de celebridades das quais sou fã.
Rita – Sempre estive metida com tintas e pincéis... Já desenhei até capas de discos... Quando eu tinha 17 anos, fiz o retrato de cada um dos Beatles no papel de embrulhar pão, ainda tenho isso. Às vezes, instagramos algumas artes que faço sobre fotos de celebridades das quais sou fã.

ÉPOCA – Entre 1986 e 1992, você publicou quatro livros infantis protagonizados pelo Dr. Alex, um rato cientista. Você pretende voltar à literatura infantil?
Rita – Pois é... Neste ano vou ser novamente avó, desta vez de um garoto. Minha neta já está mocinha e só quer saber da Kéfera [risos]. Quem sabe agora baby Arthur me inspire a continuar as aventuras do ratinho Alex.
Rita – Pois é... Neste ano vou ser novamente avó, desta vez de um garoto. Minha neta já está mocinha e só quer saber da Kéfera [risos]. Quem sabe agora baby Arthur me inspire a continuar as aventuras do ratinho Alex.
ÉPOCA – Um dos textos do livro, Eis-me, começa assim: “Eis-me aqui viva, mera mortal, filosofando sobre a vida, sobre Deus, sobre a crise mundial”. O que você anda filosofando?
Rita – Agora, nos meus 70 anos de idade, até a existência de um mosquito me convida a filosofar sobre o mundo a meu redor, assim como imaginar a vida dos mosquitos de mundos paralelos... De mutante, virei meditante.
Rita – Agora, nos meus 70 anos de idade, até a existência de um mosquito me convida a filosofar sobre o mundo a meu redor, assim como imaginar a vida dos mosquitos de mundos paralelos... De mutante, virei meditante.
ÉPOCA – E sobre Deus?
Rita – Sobre Deus eu não medito, eu sou...
Rita – Sobre Deus eu não medito, eu sou...
ÉPOCA – Outro conto, “Memeluka”, critica a corrupção que corre solta em todas as esferas da sociedade e também dispara contra “azelite coxinha” e “as viúvas do Chê”. Como você vê a polarização que divide o Brasil entre “coxinhas” e “petralhas”? Você enxerga alguma possibilidade de reconciliação nacional?
Rita – Acho essa bipolaridade política uma chatice, sendo que não confio em nenhum dos lados. O maior vilão e grande fator de atraso dessa história toda é o voto obrigatório.
Rita – Acho essa bipolaridade política uma chatice, sendo que não confio em nenhum dos lados. O maior vilão e grande fator de atraso dessa história toda é o voto obrigatório.
ÉPOCA – Nas últimas semanas, a nova canção de Chico Buarque, “Tua cantiga”, causou controvérsia e foi acusada de machismo – e houve também quem acusasse os críticos de moralistas. Você acompanhou essa polêmica?
Rita – Estou por fora dessa questão, mas posso dizer que outra chatice de hoje é essa mania extrema do politicamente correto, a patrulha dos indignados de plantão muitas vezes persegue mais do que defende princípios éticos.
Rita – Estou por fora dessa questão, mas posso dizer que outra chatice de hoje é essa mania extrema do politicamente correto, a patrulha dos indignados de plantão muitas vezes persegue mais do que defende princípios éticos.
ÉPOCA – Você foi pioneira ao levar questões como o sexo e o prazer feminino para a música. Atualmente, algumas cantoras têm participado de discussões sobre empoderamento feminino, como Valeska e Anitta. Qual sua opinião sobre a popularização do discurso feminista?
Rita – Tomara q “azmina” botem pra f...
Rita – Tomara q “azmina” botem pra f...
ÉPOCA – Recentemente, alguns artistas como Ney Matogrosso e Caetano Veloso criticaram um certo moralismo das novas gerações, muito apegadas ao discurso politicamente correto e propensas a levantar bandeiras identitárias. Qual sua opinião?
Rita – O que sei é que hoje não existem mais bad boys e bad girls de verdade. Há artistas fabricados em série que agradam a grandes plateias também fabricadas em série. Confesso que há tempos não tenho curiosidade em saber quem é quem no meio dessa clonagem artística porque os 15 minutos de fama agora duram três.
Rita – O que sei é que hoje não existem mais bad boys e bad girls de verdade. Há artistas fabricados em série que agradam a grandes plateias também fabricadas em série. Confesso que há tempos não tenho curiosidade em saber quem é quem no meio dessa clonagem artística porque os 15 minutos de fama agora duram três.
ÉPOCA – Em 2017, comemoramos os 50 anos da Tropicália, um movimento do qual você e Os Mutantes fizeram parte. Qual legado o tropicalismo nos deixou?
Rita – O tropicalismo foi a carta de alforria da música brasileira. A partir de então, as sementes da ousadia foram espalhadas e rendem frutos até hoje.
Rita – O tropicalismo foi a carta de alforria da música brasileira. A partir de então, as sementes da ousadia foram espalhadas e rendem frutos até hoje.
ÉPOCA – Quais são suas leituras favoritas?
Rita – Sou fã de biografias e de literatura policialesca.
Rita – Sou fã de biografias e de literatura policialesca.
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