(Veja)
27 maio 2017, 08h00
Acostumados
a celebrar datas importantes com festas do grand monde e shows fechados de
Ivete Sangalo, sempre badalados nas colunas e nas redes sociais, Joesley
Batista e sua mulher, a apresentadora de TV Ticiana Villas Boas, optaram por
rapidez e discrição em sua despedida do Brasil. Imagens das câmeras de
segurança do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, mostraram o empresário
entrando na área de embarque para voos internacionais às 22h10 do dia 10 de
maio, acompanhado de Ticiana, do filho de 2 anos, da cunhada e de uma sobrinha.
Apenas doze horas antes, Joesley prestara na Procuradoria-Geral da República
(PGR) o último depoimento do acordo de delação que abalou a República. Livre,
leve e solto, embarcou com a família no jato da JBS, um Gulfstream 550 avaliado
em 208 milhões de reais, com destino a Nova York, graças ao acerto com a PGR de
que não haveria denúncia contra ele — e as antigas seriam perdoadas.
Livre,
leve e solto. Tão livre que, dois dias depois, a Polícia Federal não pôde
cumprir o mandado de condução coercitiva contra ele no âmbito de outra
investigação, essa sobre o favorecimento do BNDES à JBS. Tão leve que nem
carregou a própria mala de mão e o casaco: um empregado, vestido com um colete
amarelo por cima do terno, encarregou-se da tarefa durante todo o embarque. Tão
solto que, para escaparem do assédio da imprensa em frente à famosa Olympic
Tower, prédio construído por Aristóteles Onassis na Quinta Avenida, em Nova
York, Joesley e sua família saíram do seu exclusivíssimo apartamento na cidade
para hospedar-se no Baccarat Residences, um hotel cinco-estrelas com diária
entre 1?000 e 16?000 dólares. Por ali, ficaram até evaporar-se no mapa americano.
A Olympic Tower já teve moradores célebres, como os atores Nicolas Cage e Anne
Hathaway, mas as irmãs herdeiras Alessandra e Allegra Gucci ainda ocupam uma
das coberturas do prédio. A outra, de Joesley e Ticiana, tem 380 metros
quadrados, sauna própria e a melhor vista do prédio de 51 andares: 180 graus de
vidraças do chão ao teto por onde se veem a imponente Catedral de St. Patrick
logo em frente, o East River a leste e o Empire State ao sul com a baía ao
fundo.
O dúplex
foi comprado do publicitário Nizan Guanaes. O valor de mercado é de 20 milhões
de dólares, mas Joesley pagou alguns milhões a mais porque comprou o imóvel com
tudo dentro, o que inclui não só o mobiliário predominantemente italiano, das
marcas Flexform, B&B Italia, Living Divani, mas também um lustre de cristal
Baccarat na sala de jantar e uma coleção de arte com vasos Murano e quadros do
holandês Hendrik Kerstens, do americano Jean-Michel Basquiat e do brasileiro
Vik Muniz. Para não esquentar a cabeça, Joesley manteve até o motorista, as
copeiras e a cozinheira. Condomínio e impostos do imóvel custam 12 000 dólares
por mês. Quando enjoa de ficar dentro do apartamento, o casal Batista nem
precisa ir longe para se divertir. Duas quadras acima está o MoMA, com sua
fenomenal coleção de Cézanne, Chagall, Picasso e Van Gogh. Duzentos metros
abaixo, as luzes da Broadway e lojas de marcas requintadas, como Rolex, Prada e
Valentino
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