O vereador Marcão Gomes, presidente da Câmara Municipal, vai cravar um
espinho na memória do governo finado. Ele propor uma CPI para investigar as
relações da administração passada com a empresa EMEC, que cuidava das praças e
jardins e que recebeu pelo serviço, entre 2011 e 2016 quase 77 milhões de
reais.
Isso sem contar o histórico controvertido da direção da empresa que doou
dinheiro para a campanha do Garotinho a governado, em 2012 e enfrentou entraves
judiciais, no Espírito Santo.
Leia matéria da Folha da Manhã:
Sessão da Câmara / Rodrigo Silveira
O presidente da Câmara, vereador
Marcão Gomes (Rede), propôs, na sessão dessa terça-feira, a instauração da CPI
das Rosas, como batizou a investigação parlamentar do contrato firmado pelo
governo Rosinha Garotinho (PR), entre 2011 e 2016, com a Emec Obras e Serviços
Ltda, no valor total de R$ 76.150.706,73, para manutenção civil e paisagística
de canteiros, parques, praças, jardins e afins. Marcão justificou o pedido,
lembrando que há indícios de ilícitos, como prática de preços que não
correspondem aos valores exigidos e fixados pelo Tribunal de Contas e da
combinação e formação de cartel dentro da licitação. E, também, que o
proprietário da empresa, Fábio Saad, foi preso, junto com o então prefeito de
Presidente Kennedy, no Espírito Santo, em uma operação da Polícia Federal (PF).
Líder do PR, o vereador Thiago Ferrugem disse que a investigação deveria ser
encaminhada à PF e Ministério Público.
Marcão deixou a presidência, sendo
substituído por José Carlos (PSDC) para apresentar o pedido de CPI, ele
explicou que enviou ofício à secretaria municipal de Controle, que encontrou os
indícios de irregularidades. Marcão destacou que a licitação inicial do governo
Rosinha com a Emec foi feita em 2011, sofrendo vários aditivos ao longo dos
anos. O valor médio teria sido de R$ 15 milhões/ano, até um pregão feito em
2016, no valor de R$ 11,45 milhões, num novo contrato de oito meses. Depois, em
7 de dezembro último, quando o governo Rosinha já sabia que havia perdido a
Prefeitura nas urnas, foi realizado mais pregão, no valor de cerca de R$ 2,5
milhões.
A empresa, como explicou o vereador,
doou à campanha de Garotinho ao Governo do Estado, em 2014, R$ 350 mil.
- Por que o silêncio do governo
passado a respeito disso? Em 2014, a revista Veja trouxe reportagem sobre
políticos que receberam doações de empresas. Entre eles, o senhor Anthony
Garotinho que recebeu nada menos que R$ 350 mil. Doados pela empresa que tinha
contrato com a Prefeitura de Campos.
Após Marcão, subiu à tribuna o
vereador Thiago Ferrugem, como líder do PR. Ele disse que não se opunha à
investigação, mas queria que fosse pelo Ministério Público ou pela Polícia
Federal: “Não se pode admitir que se crie fantasias para encobrir a
insatisfação com o atual governo”, disse, acrescentando que a doação da empresa
a Garotinho foi legal. Ele foi acompanhado pelo vereador Álvaro Oliveira (SD).
O vereador Genásio destacou que a CPI
não está condenando e, sim, um ato de apuração. Também defenderam a CPI o
vereador Jorginho Virgílio (PRP) e Cláudio Andrade (PSDC).
Os documentos para embasarem a CPI
foram encaminhados à Comissão de Obras e Serviços Públicos, que tem o vereador
Fred Machado (PPS) como presidente e membros, José Carlos e Genásio. Também
será solicitada a cópia do inquérito que envolve a empresa e que tramita no
Espírito Santo.
Proprietário preso junto com prefeito
no ES
O proprietário da empresa Emec, Fábio
Saad, foi preso, em 2012, durante a operação Lee Oswald, da Polícia Federal,
que levou à cadeia, também o prefeito da cidade de Presidente Kennedy, no
Espírito Santo, Reginaldo dos Santos Quinta. De acordo com a denúncia, a
organização seria responsável por fraudes em licitações, superfaturamentos,
desvio de verbas, além de pagamentos indevidos em contratos de serviços e
compra de materiais no Espírito Santo. Os policiais federais trabalham com
apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e do Ministério Público Estadual.
Na ocasião, a CGU, analisou 21
contratos da prefeitura com empresas, no valor de R$ 55 milhões no total. De
acordo com a CGU, houve direcionamento para que determinada empresa vencesse a
concorrência. Além disso, foi verificado sobrepreço de R$ 9,5 milhões nos
contratos.
O nome da operação foi em referência
a Lee Oswald, considerado responsável pelo assassinato do presidente
estadunidense John Kennedy.
Em 2015, o ex-prefeito, que teve o
mandato cassado foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) à
inabilitação do exercício de cargo em comissão ou função de confiança. Além
disso, ele e mais dois ex-servidores terão que ressarcir R$ 1,86 milhão aos
cofres públicos, que teriam sido desviados. O TCE também proibiu a empresa Emec
Obras e Serviços de contratar com o poder público.
Mesmo assim, os aditivos dos contratos com a Prefeitura de Campos
continuaram até o ano passado.
Uma pergunta que não quer calar: porque essa mesma Câmara aprovou as contas da ex prefeita? Houve contrapatida?
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