sexta-feira, novembro 18, 2016

OPERAÇÃO CALICUTE DENUNCIOU TAMBÉM PRESIDENTE DO TCE-RJ

Urbano Erbiste/9-7-2013
Leia em O Globo

POR CHICO OTAVIO E DANIEL BIASETTO 18/11/2016 4:30 / atualizado 18/11/2016 8:08

RIO — A Operação Calicute terá desdobramentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem a atribuição para processar e julgar integrantes de tribunais de contas. Delações de executivos da Andrade Gutierrez apontam o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho, como um dos favorecidos pelo esquema de pagamentos paralelos nas grandes obras do governo fluminense. Um dos operadores investigados seria Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, que teria a função de fazer a ligação do órgão com as empreiteiras.

Para não serem incomodadas pelo TCE, órgão encarregado da fiscalizar os gastos do governo fluminense, as empreiteiras pagavam uma caixinha de 1% do valor dos contratos, supostamente repartida entre conselheiros, afirmam os delatores da investigação. Um dos delatores, Ricardo Pernambuco Júnior, acionista da Carioca Engenharia, cujo conteúdo ainda não foi compartilhado com a força-tarefa da Lava-Jato no Rio, citou nominalmente o presidente do TCE como negociador direto do pagamento da propina. Jonas Lopes Carvalho teria cobrado cinco parcelas de R$ 200 mil da empreiteira.

Em nota, o TCE afirmou repudiar “as calúnias relativas à sua atuação, feitas por executivos em delações premiadas no âmbito da Operação Lava-Jato”. Segundo o tribunal, a Corte vem sendo alvo de “maldosas especulações, que foram repelidas administrativa e judicialmente”. E diz que “as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato vêm sendo duramente incomodadas e penalizadas pelas decisões do plenário deste tribunal”.

As investigações sobre o envolvimento de conselheiros do TCE começaram após o executivo da Andrade Gutierrez Clóvis Renato Primo, em depoimento, revelar que houve um pedido de Wilson Carlos, então secretário de Governo da gestão Sérgio Cabral, para que a empreiteira pagasse, a título de propina, 1% do valor da obra de reforma do Complexo do Maracanã. Outros delatores confirmam essa informação.

O TCE mantinha parados no Gabinete da presidência, até a divulgação da delação, 22 dos 23 processos relativos à reforma do estádio, instaurados desde 2010. Após a divulgação feita pelo GLOBO, o tribunal decidiu dar andamento ao caso, unificando todos os processos e decidindo reter créditos de quase R$ 200 milhões que seriam repassados pelo governo para outras obras da Odebrecht e da Andrade Gutierrez.

O TCE também tinha o seu operador, Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, ex-funcionário do tribunal e dono da DRJ Projetos e Consultoria Financeira. Doda foi citado na CPI da Assembleia Legislativa que investigou o TCE . Ele atuou no mercado financeiro e trabalhou no governo Marcello Alencar. Foi levado para o tribunal pelo conselheiro Marco Antônio Alencar. Era ligado a Deodonio Cândido de Macedo Neto, que trabalhou com o conselheiro José Maurício Nolasco quando este presidiu a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). O telefone dele (Deodonio) aparece na agenda de Hudson Braga.

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