sexta-feira, junho 10, 2016

MENINAS DE GUARUS - OPINIÃO


Não farei juizo de valor sobre os presos, depois de condenados pela Justiça, no caso conhecido como o das "Meninas de Guarus", por exploração sexual de adolescentes, na nossa perplexa vila de São Salvador dos Campos. Eles que se entendam com o juizo e com os aparatos policiais que os investigaram e levantaram provas ou indícios de provas. Deles, cuidem os meios legais da Sociedade. Não sou policial, nem juiz.

Quero abordar um dado desse drama que me assalta a calma e a serenidade. O endereço das meninas violadas fisica e psicologicamente: o imenso bairro de Guarus, que nasceu sob o signo das periferias violentadas, exploradas pela politicalha, cevadas como curral de votos, em troca de políticas públicas, que são, na verdade, escambos eleitoreiros que impedem a edificação da cidadania.

É onde faltam redes regulares de esgoto, escolas libertárias, capazes de ensinar a meninas e meninos sobre os riscos da antecipação da atividade sexual; policia treinada para atuar preventivamente e, acima de tudo, meios capazes de construir uma sociedade moderna e solidária. Junto do pedófilo ou tarado, tão comprometido e tão cúmplice, está o Poder público omisso, incocmpetente, obtuso e covarde.

É impensável que tenhamos aqui, um caso com a mesma carga sórdida, sob a alcunha de Meninas do Flamboyant, ou do Parque Tamandaré, ou da cosmopolita região da Pelinca. Nunca.

A barbárie, com estes contornos, envolvendo sexo, droga, overdose e morte, com o escárnio de contar com agentes e catálogos para escolha das meninas a serem devoradas, recruta sua "mão e obra", onde a sociedadae está mais esgarçada, as casas são toscas, nas ruas escorrem, à céu aberto, o esgoto e as meninas e os meninos conhecem as sedutoras novidades do mundo fashion, pela TV ou pelas vitrines, inalcansáveis.

Sobre o espaço urbano aviltado, paira, invisível, a famigerada Industria Cultural, que massifica, na mídia, moda e comportamentos tão descartaveis, quanto permissivos, estimulando o sexo pelo sexo para crianças indefesas, fáceis presas para os monstros vorazes, bem postados na nossa obediente e religiosa sociedade.

A sentença da juiza não encerra o drama, lamentavelmente, porque estão nos seus devidos lugares, intocaveis, as condições que permitirão que outros crápulas lancem mão de nossas crianças para saciarem sua gula bestial.

FLF

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