quarta-feira, junho 01, 2016

EM DEFESA DA BAIA DA GUANAABARA

(Por e-mail)

III EXPEDIÇÃO DE BARCO AO OBSERVATÓRIO PESQUEIRO DA BAIA DE GUANABARA - ILHA SECA que será realizada no dia 5 de Junho de 2016 (domingo) em Homenagem ao DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE.
Concentração: 8:15 na Praça do Zumbí ao lado Jequiá Iate Clube e da Escola Cuba, saída do barco 9 hs. Retorno às 14 hs.

No Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6/2016), ocorrerá uma Ocupação Cultural e Ecológica da Ilha Seca com a presença de músicos, realização de oficinas de educação ambiental, mutirão de limpeza do lixo flutuante, plantio de mudas da Mata Atlântica. Presenças já confirmadas do Grupo Escoteiro do Mar de Ramos, do grupo de Canoa Havaiana Pilialoha Wa'a, pescadores e moradores da Colônia Z-10 e Tubiacanga, pesquisadores, e ecologistas do Movimento Baía Viva.

O OBSERVATÓRIO PESQUEIRO DA BAÍA DE GUANABARA é um projeto proposto, desde 2007, pela Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga (APELT) em parceria com pesquisadores de Universidades e instituições científicas e entidades de pesca.

A Ilha Seca foi utilizada como depósito de combustíveis da petroleira TEXACO na década de 1950: no local existem 9 construções abandonadas, um píer (atracadouro) para embarcações de médio porte e grandes tanques que serão utilizados para criação de alevinos com o objetivo de promover o Repovoamento da Baía de Guanabara. O Observatório tem por finalidade contribuir para o processo de revitalização do ecossistema da Baía de Guanabara.

ROTEIRO DA EXPEDIÇÃO

O roteiro do barco passará por diversas instalações industriais e petroleiras, como a multinacional COSAN Lubrificantes sócia da SHELL, considerada a maior produtora de álcool e açucar do mundo, cujo parque industrial de elevado potencial poluidor e risco ambiental está situado no bairro residencial da Ribeira e está localizado em frente à Ilha Seca e vizinha ao manguezal do Rio Jequiá que abriga espécies raras ameaçadas de extinção como os maçaricos ou "Batuíra" que são espécies de aves pertencentes à família Scolopacidae que migram, anualmente, do Canadá para a Baía de Guanabara em busca de pouso e alimentação.
fábrica de lubrificantes COSAN, situada na Ilha do Governador, vazou em Abril de 2015 um grande volume de produtos químicos nas águas da Baía e foi multada pela Secretaria Estadual do Ambiente em R$ 35 milhões por ser reincidente no lançamento de efluentes com níveis de toxicidade 9 (nove) vezes acima do permitido pela Legislação Ambiental na Baía de Guanabara. A empresa já havia sido multada em 2013 e autuada no ano passado pelo mesmo problema. No entanto, até hoje não pagou pelas multas ambientais aplicadas pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente).
O roteiro da Expedição inclui ainda o Terminal Aquaviário de Ilha d'água que vazou em 18 de Janeiro de 2000 provocando o derramamento de 1,8 milhões de litros de óleo nas águas da Baía, considerado o maior acidente ecológico do país (perdendo apenas em escala para o desastre ambiental ocorrido em 2016 na cidade mineira de Mariana onde barragens com rejeitos da mineração da Companhia Vale do Rio Doce romperam poluindo as águas do Rio Doce até o Oceano). Este terminal faz operações de cabotagem, de importação e de exportação de derivados de petróleo, escoamento de diversos produtos de (e para) a Refinaria Duque de Caxias (REDUC). Diariamente navios atracam neste terminal que é operado pela Transpetro e através de uma rede de 9 (nove) dutos de cerca de 14 Km cada transporta diariamente grande volume de produtos, tais como álcool, claros, escuros, LCO e petróleo, para a REDUC.
Para o ecologista Sérgio Ricardo, membro-fundador do Movimento Baía Viva na década de 1990, “a realização das Olimpíadas, na cidade do Rio de Janeiro, trouxe para o debate público, mais uma vez, a necessidade e a urgência da revitalização integrada da Baía de Guanabara que recebe cerca de 90 toneladas de lixo flutuante por dia, poluentes industriais com metais pesados e esgotos sem tratamento. Além da pesca artesanal fortemente impactada pela expansão da indústria petroleira - que tem ampliado as chamadas áreas de exclusão de pesca e aumenta os riscos de novos acidentes ecológicos, como o que ocorreu em 18 de janeiro de 2000 quando vazou 1,8 milhões de litros de óleo de duto da Refinaria Duque de Caxias da PETROBRAS -, também o boto-cinza, que é um símbolo da Baía e está inclusive no brazão da cidade,encontra-se ameaçado de extinção: na década de 1980 existiam 800 indivíduos nas águas da Baía de Guanabara e atualmente são apenas 35 botos, segundo pesquisas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O boto-cinza era também o símbolo do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que foi iniciado em 1995 e já gastou mais de R$ 10 bilhões e até hoje nenhuma praia da Baía foi despoluída. Isso é uma tragédia civilizatória.”

O ecologista apóia com entusiasmo a proposta de implantação do Observatório na Ilha Seca: “A poluição da Baía tem origem em diversas fontes já conhecidas que, infelizmente, não são fiscalizadas e controladas pelo Poder Público. Há uma omissão e negligência generalizada dos órgãos ambientais, o que tem comprometido a saúde ambiental da Baía e da população do seu entorno estimada em 10 milhões de pessoas. Neste momento, além de combater estas fontes de poluição e conter a expansão ilimitada da indústria petroleira impulsionada pela exploração do Pré-sal, se faz necessário concluir a construção das redes coletoras de esgotos que foram previstas no PDBG mais não saíram do papel, ligando-as ás ETEs (estações de tratamento de esgotos) que estão prontas há mais de 10 anos e operam precariamente e de forma bastante limitada já que os esgotos não chegam até as ETES pela falta dos troncos coletores...
Além disso, neste momento, é preciso darmos uma força á natureza através do repovoamento da Baía com diversas espécies marinhas: pescado, caranguejos, camarões, mexilhões que serão criados em grandes tanques já existentes na Ilha Seca. 
O Observatório terá também uma Escola de Pesca e um centro de pesquisas com laboratórios geridos por universidades e centros de pesquisas que já monitoram a qualidade ambiental e a biodiversidade da Baía de Guanabara. Porém, estas renomadas instituições nunca foram convidadas pelos sucessivos governos a opinarem sobre quais seriam as prioridades de investimentos para, de fato, definir metas ambientais que pudessem recuperar o ecossistema da Baía. 
A Baía de Guanabara está viva, ela é um organismo vivo, apesar do descaso dos sucessivos governos e da poluição das indústrias, lançamento de lixo e esgotos: somente de lixo flutuante estima-se que a Baía recebe entre 90 a 100 toneladas por dia! Enquanto isso, os municípios do seu entorno sequer tem programas de coleta seletiva, que são obrigatórios de acordo com a legislação. Portanto, o Observatório se insere na perspectiva de uma solução efetiva para resgatar a saúde ambiental da baía de Guanabara”, conclui.  

Na Ilha Seca, que tem área de 34 mil m2, como parte do Observatório também estão previstos a implantação de um Pólo de Ecoturismo e a manutenção da área de lazer e recreação e uso balneário tradicionalmente utilizada, há vários anos, pelos moradores da Colônia de Pesca Z-10 que é considerada a mais antiga do país.  

Maiores informações:

Sérgio Ricardo (Movimento Baía Viva) – Tel. (21) 99734-8088

Alex Sandro (Presidente da Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga - APELT) – Tel. (21) 99237-5705, 99665-0302

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua opinião