Sobre o líder ferroviário, Fernando Machado, sepultado, hoje, 26, depoimento do jornalista Avelino Ferreira:
"Os gregos antigos tinham um sentido para a vida: ter feitos que ficassem
na memória coletiva. Um bom sentido para a vida. Hoje, tempos de
niilismo, não vemos sentido para a vida. Mas meu amigo Fernando Machado,
brizolista, prestista como eu e pelo qual sempre nutri um carinho
especial e a admiração por sua luta, pela qual, inclusive, sofreu com a
ditadura, encarcerado por ser um resistente, deixa um legado que o tempo
não vai apagar. Como Delso Gomes, Irineu Marins, Tarcísio Tupinambá,
Adão Pereira Nunes, César Ronald, Avelino Leôncio, Almirante Costa,
Antonio João de Faria, João de Souza, Jacyr Barbeto (seus amigos
ferroviários) e outros campistas que tiveram a coragem de resistir à
ditadura, Fernando Machado faz parte da nossa história. Juntos, na
ditadura ainda e depois dela, combatemos o bom combate. Mas a morte é
inexorável. Mesmo bem fisicamente, às vezes somos arrebatados por uma
doença contra a qual não há organismo que resista. E muitas vezes é
melhor a morte do que o prolongar do sofrimento. No hospital brinquei
com Fernandão: "Antes foi Água Santa, agora, temos que continuar lutando
e talvez lhe mande para a Ilha das Cobras". Ele riu. Esta é a última
imagem que tenho dele. Não diria em vida, mas digo agora: "Adeus, meu
amigo! Você estará sempre vivo na minha memória e em muitos de meus
escritos."
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