quinta-feira, novembro 06, 2014

O IMENSO RISCO QUE CORREMOS

Prezado

A propósito da questão sobre a transposição das águas do Rio Paraíba do Sul ofereço no anexo, um singelo estudo do ponto de vista puramente altimétrico, que, penso, deveria refletir severamente nessa discussão.

O que não ocorre, lamentavelmente.

É uma pequena consideração numérica do declive desse importante curso d’água.

Ali se observará que, se o declive médio ao longo de toda a extensão do curso do rio (da Serra da Bocaina à foz) já é bem pequeno (1,6 milímetros por metro), no nosso particular trecho (Campos a São João da Barra) é praticamente nulo (0,35 milímetros por metro), ou, QUASE CINCO VEZES MENOR que a média geral.

Esse fator altimétrico é relevantíssimo e jamais foi ventilado nas discussões entre o poderoso estado de São Paulo (que acaba de ser privilegiado por decisão do Ministro Luis Fux, do STF) e o pobre estado fluminense, no qual, desafortunadamente, seus governantes sempre acharam que "o Rio de Janeiro termina no Túnel Rebouças".

Bem, o único que importa, é que alguém, da nossa província, que possua voz poderosa, lembre à Corte que o problema para todos os que dependem da água do Paraíba para sobreviver é efetivamente a falta d'água do dia a dia. Mas para nós, os que vivemos nessa planície de inacreditável e abençoada planura (mas por isso mesmo propiciadora de formidáveis dificuldades no escoamento hidráulico) a questão é enormemente mais complexa.

A temerária língua salina.

Com efeito, estando a cota do ponto mais profundo do canal do Rio Paraíba do Sul 15 metros aproximadamente abaixo do piso da Praça São Salvador,     (significando que está, rigorosa e temivelmente, no nível do mar), na impensável possibilidade ainda que remota de uma transposição mais intensa de suas águas, o que agora mesmo foi autorizado, fatalmente iremos à praia ali, na Curva da Lapa.

O eco sistema de toda a nossa região será perigosamente atingido. Se já não o estiver sendo nessas quatro últimas décadas (remembera destruição do nosso litoral pelo avanço do mar).

Que sejam de vocês, corajosos blogueiros, a iniciativadesse grito, que já se faz tardio.

José Ronaldo Saad
eng. Civil


2 comentários:

  1. Meu Deus!
    Basta ir a Atafona como eu fiz,para presenciar a invasão do mar.
    Basta "apreciar" o cais em São João da Barra para verificar o avanço intenso do mar.A impressão que da,tamanho o volume de água ,é que temos um rio caudaloso e saudável em contraste com a seca que vemos aqui.
    Mas não,ninguém se mexe !As ditas autoridades ,mais uma vez,de braços cruzados,esperando a desgraça maior acontecer e tentando levar vantagens imediatas.
    Homo Demens!

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  2. Renato César Arêas Siqueira6 de novembro de 2014 às 11:38

    Grave e com consequências irreversíveis pela inércia das autoridades, que parecem assistir a um filme que está distante da realidade, sequer este tema entrou no debate político das campanhas dos candidatos a Governador, Deputado e Senador pelo Estado do Rio de Janeiro. Além da visível e agonizante situação do Rio Paraíba do Sul, agravada em seu dimensionamento pelos dados técnicos desta postagem, do Engenheiro José Ronaldo Saad, há perdas enormes nas lavouras e na pecuária, sendo os números da calamidade os seguintes:

    Prejuízo de 70% na lavoura em São Francisco de Itabapoana (SFI);
    Morte de 700 cabeças de gado em SFI;
    65% dos produtores afetados em SFI;
    90% de queda na produção de leite em São Fidélis;
    Captação de água 30% menos em São Fidélis;
    Gastos da Prefeitura em mais de 4 milhões de reais;
    Prorrogação da redução da vazão para 160m3/segundo;
    Em 90 anos, desde o início das medições do nível, este nunca esteve tão baixo;
    O nível atual é 1,00m abaixo da cota registrada para o período;
    9,12% é o nível dos reservatórios;
    Mais de 11 meses é a duração desta seca;
    O reservatório de Paraibuna, opera no "volume morto";
    04 municípios (São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, São João da Barra e Campos dos Goytacazes) da foz atingidos e inertes.

    É, portanto, impressionante que esses dados não sensibilizem as autoridades regionais para se unirem e cobrar atitudes do Governo do Estado do Rio de Janeiro no enfrentamento aos atos do Estado de São Paulo. É questão de Estado!

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