domingo, junho 08, 2014

O DRIBLE

A ciência médica, com seu aparato tecnológico, meteu-se na aventura
de explicar, à luz, das equações físicas e biológicas, o perfil do craque Neymar.
Justificou a potência do chute, a vantagem da massa muscular nas arrancadas
e foi avançando até que esbarrou num dogma do futebol.
Dogma porque é dom, o drible, o inexplicável.
O drible é uma diabrura, talvez, porque, dependendo de sua acrobacia, humilha o adversário, impiedosamente. Infelizmente não existe drible bem comportado.
O drible de Pelé era soberano, elegante.
O do próprio Neymar é suburbano, de várzea, de periferia, é um drible vingador da infância sofrida. As máquinas desconhecem esse pormenor, de tamanha grandeza.
Mas, há o drible mais desafiador de todos, o impossível, de tão ingênuo, improvável, circense, pé descalço, o drible passarinheiro.
De um passarinho chamado Garrincha.
Que de tão humanamente encantador superava o ponto máximo do futebol convencional, industrial, o gol.
A ciência não reconhece essa peraltice infantil. Todo craque é sempre menino.
Isso é matéria para a Poesia e a Profecia


(FLF)

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