sexta-feira, maio 31, 2013

CARTA AO POETA ANTONIO ROBERTO FERNANDES

Hoje, 31, é aniversário do meu irmão, Antonio Roberto Fernandes, minha família inaugurou com seu nome uma pracinha, na chácara que chamamos de Sitio da Deja, no rio do Colégio, na vila de São Fidélis de Sigmaringa. Breve vou postar as fotos do local. Uma maneira singela de imortalizar, ao nosso jeito, o mais "franciscano", o mais devotado dos poetas do Brasil. Aos irmãos e parentes é permitido o elogio exagerado(?).

Certa vez, conversando com ele, perguntei-lhe por que insistia em promover "Oficinas de Poesia"? Provoquei: você acha que alguém aprende a FAZER poesia? E ele, plácido, como sempre: "se não aprender a FAZER, vai aprender a LER poesia".

Reproduzo, com gratidão A Carta ao Poeta, da lavra de Walnize Carvalho:

Ao Inesquecível Antonio Roberto Fernandes(em data aniversária)
Carta ao poeta

Walnize Carvalho

Liga não, amigo! Devo-lhe esta homenagem... Sei o quanto ficava encabulado quando era mencionado como “o poeta fidelense mais campista do Brasil”; e em tantas vezes em que era convidado para participar de mesas acadêmicas como personagem de destaque. 

Pareço vê-lo corado, balançando negativamente a cabeça, preferindo ficar lá no fundo da sala e, no meio da imortalidade, ser o mais simples dos mortais.
Lembro com nitidez de suas tiradas bem humoradas no nosso Café Literário (tentei até em um dos fins-de-ano imitá-lo). Usando suspensório reproduzi suas falas: “Não invejo quem tem carro novo, mulher bonita, boa conta bancária, mas diante de uma trova bem feita não resisto...” E outras tantas que captei ao longo de nossa convivência literária. 

É isso, amigo! Você era multifacetado: excelente poeta, ótimo intérprete da genuína poesia, bairrista, patriota (nos estimulou a cantar o hino de nossa terra), contador de causos, conhecedor da boa literatura e dono de humor refinado.
Não foram poucas as vezes em que em espaços diversos você mostrou a verve humorística de meu pai (pouca conhecida) na interpretação de umas das esquetes dele feitas para o rádio nos idos de 50, como “Doutor Mata A. Machado”. Sem contar o carinho, o reconhecimento e a amizade que nutria por ele. Inesquecível, ainda, a festa de comemoração de seus 80 anos junto com o lançamento de seu último livro (“Se não me trai a memória”).
E a minha memória não me trai pois estão vivas as lembranças do quanto você alastrou a poesia em cada canto que passou: escolas, livrarias, praças, teatros, cemitérios, quartéis, asilos, templos, bairros, cidades, varandas e quintais...
Mas – nem te conto, poeta – há um silêncio, um nó na garganta, um verso solto no ar...
Sou-lhe grata, pois com seu incentivo aflorou meus sentimentos e tornaram públicas minhas garatujas literárias no sempre lembrado Café Literário.
Aquiete-se, amigo, pois sabemos que ela, a POESIA, não pode e não deve fenecer.
No cosmos você nos observa como fazia quando nos convocava com vigor e alegria: “Venha! Chega prá cá! O que você trouxe hoje para apresentar aqui prá gente?”

O silêncio. Hoje trouxe o silêncio. E com ele, a dor e a saudade.

Com seu aprendizado – esteja certo – tenho conseguido encontrar alguma rima para meus versos.

Cá comigo: Viva Antonio Roberto Fernandes. (*) 31/05/1945 (*) Para Sempre!

2 comentários:

  1. Os bons( os que poromovem vida, semeiam bem-querer) são imortalizados enquanto os maus...ah! os maus...

    ResponderExcluir
  2. Meu poeta preferido!! Aprendi a gostar de poesia na minha infância ainda, depois de ler algumas de suas obras! Será eterno!

    ResponderExcluir

Deixe sua opinião