O mais integral poeta que conheci e li, o mais lírico. Inesquecível.
Reproduzo aqui, um de seus textos que mais gosto:
MAS...
E eu que achei que a lua não brilhasse
sobre os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.
E achei que nenhum pássaro cantasse
Se um lavrador não mais colhe o que planta,
Se uma família vai dormir sem janta
Com um soluço preso na garganta,
Mas canta.
Também pensei que a chuva não regasse
A folha cujo leite queima e cega,
A carnívora flor que o inseto pega
Ou o espinho oculto na macega,
Mas rega.
Pensei também que o orvalho não beijasse
A venenosa cobra que rasteja
No silêncio da noite sertaneja
Sobre as ruínas de esquecida igreja,
Mas beija.
Imaginei que a água não lavasse
O chicote que em sangue se deprava
Quando, de forma monstruosa e brava,
Abre trilhas de dor na pele escrava,
Mas lava.
Apostei que nenhuma borboleta
- por ser um vivo exemplo de esperança –
Dançaria contente, leve e mansa
Sobre o túmulo em flor de uma criança,
Mas dança.
Por isso achei que eu não mais fizesse
Poema algum após tanto embaraço,
Tanta decepção, tanto cansaço
E tanta espera, em vão, por teu abraço,
Mas faço.
Reproduzo aqui, um de seus textos que mais gosto:
MAS...
E eu que achei que a lua não brilhasse
sobre os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.
E achei que nenhum pássaro cantasse
Se um lavrador não mais colhe o que planta,
Se uma família vai dormir sem janta
Com um soluço preso na garganta,
Mas canta.
Também pensei que a chuva não regasse
A folha cujo leite queima e cega,
A carnívora flor que o inseto pega
Ou o espinho oculto na macega,
Mas rega.
Pensei também que o orvalho não beijasse
A venenosa cobra que rasteja
No silêncio da noite sertaneja
Sobre as ruínas de esquecida igreja,
Mas beija.
Imaginei que a água não lavasse
O chicote que em sangue se deprava
Quando, de forma monstruosa e brava,
Abre trilhas de dor na pele escrava,
Mas lava.
Apostei que nenhuma borboleta
- por ser um vivo exemplo de esperança –
Dançaria contente, leve e mansa
Sobre o túmulo em flor de uma criança,
Mas dança.
Por isso achei que eu não mais fizesse
Poema algum após tanto embaraço,
Tanta decepção, tanto cansaço
E tanta espera, em vão, por teu abraço,
Mas faço.
Fernando, muito bonito, que faz a gente se emocionar.
ResponderExcluirAbraços,
Gil Campinho
É por indivíduos GENTE , que se postam na vida para dignificá-la e ao seu ser, humano, que faz-nos dizer que VALE A PENA e porque tem almas que não são pequenas.
ResponderExcluirParabens Fernado .Orgulhe-se sim .
Nosso agradecimento por nos mostrar que apesar do realce dos espinhos temos verdadeiras e realmente belas flores na espécie humana.
Caro Fernando,
ResponderExcluirBom demais relembrar o grande poeta no "Dia Nacional da Poesia".
walnize carvalho
Esse era o Antônio Roberto, o poeta da Cidade Poema. Como diria Geraldo José de Almeida, lindo! lindo! lindo!
ResponderExcluirSabe quando a emoção lhe rouba as palavras? Pois é ...
ResponderExcluirLindo!
ResponderExcluirFernando , óbvio que não é para publicar.Mas para reflexão dos que desejam lapidar o humano existente em si:Veja que seu irmão faleceu há algum tempo e tem comentários ´generosos sobre ele .
ResponderExcluirUm filho de um político do ¨rouba mas faz¨acaba de falecer e as notas são pucas ou nenhuma...
Ah! se fossemos dados à reflexão e ao desejo de valorizar a vida...o que de belo seria esta humanidade...