PROPAGANDA VIRTUAL X CIDADE REAL

(Por e-mail)

A quinze dias da votação nas Eleições Municipais, é importante fazermos uma reflexão sobre a Administração Pública de nossa cidade.

Não posso negar que o último governo fez algumas coisas para melhorar a cidade. Sim, eu disse o último governo, o último gestor público municipal, não a pessoa de quem quer que seja. Alguns cidadãos, de mentalidade mais simplória, acabam por confundir o cargo político com o indivíduo que o ocupa, de forma a endeusar o governante populista, demagogo, como se pessoa dele fosse mais importante do que o cargo que ele preenche temporariamente.

Quem ocupa um cargo público em qualquer esfera de poder, especialmente no Executivo, e ainda mais sendo um cargo eletivo, não faz mais do que a sua obrigação administrar e gerir a coisa pública com probidade, moralidade, legalidade, impessoalidade, etc...  de forma a promover o bem-estar da coletividade.

Não obstante, podemos dizer que tais princípios constitucionais não foram bem respeitados por esse último governo em questão.

Independente de entrarmos nessas questões das ciências jurídicas, vejamos alguns avanços tão propagados na campanha eleitoral dos atuais caciques (pra não dizer mafiosos) do Executivo municipal:

1- “O transporte coletivo melhorou.” Infeliz é quem pega ônibus todos os dias. E esse mesmo infeliz, que depende do transporte coletivo na cidade, deveria compreender que o dinheiro que o programa “Passagem a 1 real” repassou aos empresários do transporte coletivo da cidade poderia ter sido gasto para comprar toda uma frota nova, zerada, para estar rodando em nossas vias por conta da nossa Prefeitura. Isso seria possível, caso houvesse uma política comprometida com nosso real bem-estar, dado o fato que o transporte público municipal é uma concessão que pode ser revista a qualquer tempo.

2- “Muitas obras foram feitas na cidade.” Sim, obras com claros indícios de superfaturamento e sem nenhum real planejamento ou compromisso com o que realmente a cidade estava precisando. Alguns bairros foram contemplados com algumas obras, mas com o orçamento que Campos tem, toda a cidade poderia ter se transformado num canteiro de obras, revolucionando nossa tão precária infraestrutura urbana. Metade da cidade não tem saneamento básico; muitos bairros não foram sequer regularizados (os loteamentos); nosso trânsito é um caos, mas por que isso importaria? O importante é que temos uma fossa a céu aberto, toda ornamentada (com duvidoso gosto paisagístico), onde nosso cocô brilha à noite, sob a luz neon; temos o CEPOP que tem o maior palco da América Latina (até isso é mentira, pois não é o maior), usado para que os empresários do ramo de venda de automóveis de nossa cidade possa usá-lo em grandes feirões.

3- “Construímos mais de cinco mil casas populares.” Verdade, casas pré-moldadas com preços que dariam para comprar apartamentos populares em bairros como o Turf ou o Ips. Casas que já apresentam problemas estruturais, que foram distribuídas de forma suspeita, que foram construídas no fim do mundo (uma forma de manter os mesmos pobres, tão amados, bem longe do Centro da cidade), em locais com sérios problemas de infraestrutura e condições de insalubridade. Ah! Mas qualquer alegria pra pobre já é esmola demais!

4- “A Educação de Campos melhorou.” É, de fato, saímos do último lugar no Estado para o penúltimo. E isso em quatro anos de governo! Realmente, os milhões gastos com livros didáticos, reformulação pedagógica e reformas superficiais em algumas escolas começaram a surtir efeito. Nessa velocidade, daqui a uns 200 anos, vamos formar jovens que não serão mais analfabetos funcionais (quando na melhor hipótese), ignorantes, inaptos para a vida profissional; estaremos deixando de tolher o futuro de nossa juventude, da forma inescrupulosa que até então acontece.

5- “Nossos servidores foram valorizados.” Foram dados aumentos (pífios) de salário todos os anos, repassando os índices de inflação. Foi criado o Plano de Cargos e Salários para os profissionais da Educação (ainda que até hoje tenha gente que não entenda os critérios de enquadramento e que estejam com seus salários errados). Foi concedido Plano de Saúde para todos os servidores. As vezes algumas mensalidades atrasam, ameaças de suspensão do atendimento aparecem por aí, mas, no final, pelo menos os servidores não tem de sofrer com o atendimento que é oferecido na rede de saúde pública de Campos.

Perguntas que não querem calar: FUNDEB? Que Fundeb? Fundo de garantia? Ih! É melhor não entrar nesse mérito! O futuro dos pensionistas e aposentados da PREVICAMPOS? Só Deus e os banqueiros donos do Cruzeiro do Sul é que sabem! E o PSF? A culpa é dos médicos que não quiseram assumir seus cargos com os salários baixos oferecidos e a falta de estrutura para trabalhar.

6- “Criamos milhares de empregos em nossa cidade.” Realmente, a Prefeitura está cheia de contratados batendo cabeça (quando aparecem pra trabalhar e não para assinar ponto) em diversas repartições públicas. Contratados sem concurso público, para facilitar a contratação de qualquer pessoa (com ou sem padrinho político). Por isso que mais da metade do orçamento de nossa cidade é gasto com custeio da máquina pública, mais inchada que barriga de grávida.

7- “A saúde de nossa cidade teve muitos avanços.” Foi criado o programa “Emergência em casa” que é um arremedo do SAMU das grandes cidades e salvou muitas vidas, quando a ambulância chegou a tempo e não encontrou casos de maior complexidade.  Os hospitais e postos de saúde funcionam mal e porcamente; quando não falta funcionários, competência profissional, sobra material superfaturado, desviado, de qualidade péssima e preços altos. Nas farmácias populares é uma “fartura” só: farta de tudo, remédios, fraldas, leite Pregomin (o mesmo comprado a preço de ouro), etc.

8- “Trouxemos muitas empresas pra Campos.” Sim, algumas vieram, pegaram o dinheiro do FUNDECAM e sumiram sem deixar qualquer investimento.

Enfim, podemos dizer, sem tratarmos de outras questões_ que fariam esse texto ficar gigantesco_ que o Raio-X do atual Governículo Rosa é assim, terrivelmente desalentador.

Mas o importante é que no dia 07 de outubro, podemos fazer a nossa parte para melhorar esse cenário. Quem é a favor da Lei da Ficha Limpa não vota em candidato com passado sujo. Temos de fazer a nossa parte, pois a tão sonhada seriedade na política só será alcançada através do nosso voto consciente e compromissado com a ética.

Luiz Oliveira