Bispo recusa comenda e impõe constrangimento ao Senado Federal Num plenário esvaziado, apenas com alguns parlamentares, parentes e amigos do homenageado, o bispo cearense de Limoeiro do Norte, Dom Manuel Edmilson Cruz, impôs um espetacular constrangimento ao Senado Federal, ontem.
Dom Manuel chegou a receber a placa de referência da Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara das mãos do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE). Mas, ao discursar, ele recusou a homenagem em protesto ao reajuste de 61,8% concedido pelos próprios deputados e senadores aos seus salários.
“A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la”. O público aplaudiu a decisão.
O bispo destacou que a realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar filas nos hospitais da rede pública, contrasta com a confortável situação salarial dos parlamentares. E acrescentou que o aumento “é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte. Fere a dignidade do povo brasileiro que com o suor de seu rosto santifica o trabalho diário.
(colaboração Ivan da Conceição)
Magnífica postura do Sr. Bispo da Igreja católica. Tal atitude (sobretudo corajosa) me faz lembrar algumas atitudes tomadas por muitos Padres da Igreja Católica Apostólica Romana no período negro da ditadura militar. Foram muitos Senhores de batinas que corajosamente enfrentaram a fúria do regime na defesa de brasileiros perseguidos politicamente, não importando a opção religiosa de cada um. A mais famosa (talvez) aconteceu na missa de sétimo dia do estudante Édson Luiz, assassinado pelos militares covardemente no calabouço,missa esta celebrada na Igreja da Candelária no Rio de Janeiro. A Igreja estava lotada e no seu final, a cavalaria do exército estava toda do lado de fora da Igreja, onde soldados com armas de fogo esperavam os fiéis. Ao saírem do interior da Igreja, foi feito um cerco pelos policiais e no momento em que esses iam começar a atacar os indefesos, vários Padres deram as mãos e de forma corajosa, protegeram a multidão, e suplicaram aos covardes a cavalo, que deixassem os fiéis saírem em paz, que toda multidão iria ser dispersada sem a necessidade do uso das forças. Ah! Aqueles Padres .. nunca saíram da minha cabeça aquela cena; deveriam ter seus nomes inscritos na história do Brasil, aquilo foi um ato de coragem, de humanidade e por não dizer, de bravura. Ainda menino, eu assisti a tudo, do alto do edifício Delamare, na Av. Presidente Vargas, bem a trás da Igreja, onde meu pai possuía um escritório de Corretagem Imobiliária mais precisamente no oitavo andar. Infelismente ao virar as costas, na certeza que seriam atendidos, os Bravos Padres foram traídos pelos homens montados em seus cavalos, e começaram a baixar o cacete em todos; homens, senhoras, estudantes, e até crianças. Eu e meu pai ficamos nervosos, apavorados. Hoje aos 56 anos e sem meu Pai ao meu lado, ao ler esta atitude honrada desse Bispo, a cada vez mais me orgulho de ser Católico Apostólico Romano. Geraldo Lopes Raphael, Corretor de Imóveis e Advogado.
ResponderExcluirFernando eu lhe mandei esta reportagem, pois é fato como este que nos movem contra os politicos que se utilizam da fragilidade do povo para se promoverem.
ResponderExcluirFernando este fato e mais o discurso do Verador Rogerio Matoso na Camara dos Vereadores, que vi no blog estou procurando o que fazer, renovaram a minha esperança.