sábado, março 31, 2012

JOGADORES DE FUTEBOL E SEUS NOMES EXTRAVAGANTES

O comediante Marcelo Adnet, na sua crônica deste sabado, 31, em O Globo, revela nomes diferentes de jogadores de futebol pelo Brasil a fora, incluindo um do Americano de Campos. 

A relação é extensa e reveladora, considerando que não há regras para nome próprio por aqui: primeiro são de origem pobre, vindos das periferias do país e segundo, refletem a imensa influencia dos meios de comunicação, sobretudo, da televisão na escolha dos pais para nominar seus filhos. O título da crônica é Qual é sua graça? E vale a leitura:


Qual a sua graça?

Dia desses estava em casa em uma tarde nublada e tediosa vendo um jogo do Campeonato Estadual. Jogo normal, placar normal com pouca emoção. Mas eis que, de repente, quebrando toda a previsibilidade eis que entra em campo um tal de Whatthimem. Aperto os olhos e, sobressaltado, retifico: "No Duque de Caxias, entra: Whatthimem". Imediatamente, pela internet, um amigo igualmente incrédulo me esclareceu: "o pai devia ser muito fã de ‘Watchmen’, uma história em quadrinhos americana". 

O super heroi* caxiense despertou em mim uma curiosidade tão grande que comecei a pesquisar os nomes dos jogadores aqui do Rio. Descobri o Naylhor (Nova Iguaçu), o Rhayne (Americano), além da potencial dupla sertaneja Sheslon (Boa Vista) & Siston (Olaria). Depois de começar com o Rio, Admilton(Bonsucesso) que fui além e pesquisei mais times em todo o Brasil. Não para sacanear alguém, apenas por motivo de curiosidade e pesquisa sobre o vasto universo futebolístico.

Eis que, além de Watthimem, temos também o Jackie Chan (Horizonte-CE), personagem de Karatê Kid, além de Allan DelonHe-Man (não o do Flu, mas "He-Man" mesmo, do Penarol-AM), o goleiro Geday (Ypiranga-PE) e o serial killer vascaíno Dieyson. Realmente, nomes estrangeiros são um sonho na tela da TV e um pesadelo nos cartórios, vide os exemplos de Jheimy (Sport), Dionantan (Bahia de Feira), Jonhes (Fortaleza). Além dos indecifráveis PottkerDeysnerKeulsonKerdsonDanklerWegno e Drawlid. Parece a escalação da seleção da Alemanha Oriental em 1978. Tem também o Mithyuê(Juventude), que pelos menos não é "estadunizado" e parece uma palavra tupi que quer dizer algo como "pedra grande do pôr do sol", só que não quer dizer nada. Quem fez diferente e investiu numa onda mais asiática foi Sung Hoon (Belo Jardim-PE) de Oliveira.

Enquanto o Náutico aposta nos bíblicos Gideão e Siloé, os clubes paulistas homenageiam artistas como Djavan (Guaratinguetá), Léo Jaime (Bragantino) e Richely (Paulista), em torta referência a Carlos Riccelli. Completam o time os músicos Creedence (Santa Cruz-RS), Jack Jone (Moto Club) e Pink(Itabuna).
Em Minas, temi pelo encontro de Walter Minhoca (Guarani-MG) com o Neto Berola (Atlético-MG).
Agora pensem comigo: se o Ademir Sopa (Linense-SP) toma sopa, o Felipe Sodinha (Ceará) toma soda e o Max Pardalzinho (Guarani) caça pardal, será que o Laércio Carreirinha (Avai)…? Deixa para lá. O fato é que Flávio Caça-Rato (Santa Cruz) caçava ratos com um estilingue na infância e carrega o apelido mesmo sob os protestos da mãe que, literalmente, não tem culpa no cartório. Assim como a mãe de Nego Pai (Auto Esporte-PB), apelido dos mais curiosos do país.
Alguns nomes simplesmente não se encaixam em nenhum estereótipo, por sua originalidade, como: Françuele (Juazeiro-BA), Willames (Serrano-BA), Rascifran e Marinelson (Penarol-AM), Geyglan (Cordino-MA), Kall (Mixto), Yla (Botafogo-PB), Overlan (Borges-PB) e Xinho (Sousa-PB). Outros seriam normais e passariam sem chamar a atenção não fosse uma letra que não deveria estar ali, como é o caso de Wallacer (Macaé) e Quilherme (Cordino-MA). São todos nomes estranhos, mas é o Itumbiara-GO o responsável por pagar o Micão.

E vocês sabiam que ainda estão em campo grandes craques como Roberto Dinamite (Fast-AM), Zidane (Rio Branco-AC), Romarinho (Bragantino) e Garrinchinha (Atlético-BA)? Tem também o Everton Maradona (CRB), que deu mole e poderia ir além caso se chamasse Edson Maradona.
Em cada canto e em cada cidade surgirão leitores com mais nomes estranhos que não foram agraciados. Mas já deu para tirar uma lição — bobinha, mas sincera: no futebol, o nome vira graça, vira marca registrada de um jogador, seja por uma homenagem abrasileirada a um astro, um apelido curioso, ou simplesmente pelo exagero de letras dobradas, como é o caso de Johnnattann (Volta Redonda), assim mesmo: com 4 "n" e 2 "t" além do "h" que veio de brinde.

Eu, Marcelo, sem nem um "l" a mais para gastar, me misturo a uma multidão de Marcelos até desaparecer,
até semana que vem,
fui!

* Eu também sinto falta do acento e do hífen


2 comentários:

  1. "super heroi"
    "Eu também sinto falta do acento e do hífen"

    O CRONISTA ESTÁ DUPLAMENTE EQUIVOCADO!

    1)Emprego do hífen:
    Com prefixo, usa-se o hífen diante de palavras iniciadas por h.
    Exemplos: anti-higiênico, anti-herói,
    mini-hotel, sobre-humano, super-homem,
    sub-humano, super-herói.

    2)Continuam acentuadas as oxítonas terminadas em
    éis, éu, éus, ói, óis.
    Exemplos:
    anéis, papéis, chapéu, troféus, anzóis, herói.

    Por isso, o correto é super-herói(hífen e acento).

    Moisés Pereira da Silva

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  2. KKKKkkkkkkkkk!!!!!!!
    A periferia absorveu bem o manifesto antroploogico(e não antropofágico segundo Regina Casé e Gilberto Gil)no que se refere ao nomes de seus filhos.
    Pena se esquecerem de fazer uma antropofagia com os bandidos travestidos de políticos!

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