SOCIEDADE COVARDE

O vereador Marcos Bacellar, PDT, leva ao plenário da Câmara Municipal de Campos, uma denúncia fundamentada e faz uma discussão didática, revelando uma brutal disparidade de preços praticados entre o Municipio e outros centros médicos, do Rio e Itaperuna, no procedimento de biópsias renal e hepática  e solicita do alto de sua legitimidade como vereador – diga-se de passagem, o mais votado da atual legislatura – cumprindo o que determina a lei orgânica e o estatuto do Legislativo – informações ao governo. A bancada oficial, genuflexa, é obrigada a votar contra.

Ora, o líder da bancada, vereador Magal, entende o rito legislativo, pelo visto, como um tosco cabo de guerra em que as partes medem forças. Só isso explica sua recomendação, depois de consultar a prefeita, pelo telefone, aos seus liderados para negarem o requerimento de Bacellar. Para o vereador, líder do governo, o assunto esgotou-se ali: a Oposição mais uma vez foi derrotada e pronto. O governo ganhou. O motivo da contenda é irrelevante, afinal nem ele, nem seus pares e muito menos a prefeita se submetem a biópsias em hospitais públicos ou conveniados.

Em Campos, senhores, a administração é inoxidável, olímpica, não deve satisfações a ninguém. Explicar porque aqui o procedimento custa 4, 5 vezes mais não é necessário. O governo sabe porquê e isso basta. O povo já tem passagem a 1 real, já tem um sambódromo com o maior palco das Américas, já tem uma beira valão maquiada e ainda quer detalhes sobre valor de uma biópsia?

Que ele entenda o papel da Câmara com essa lente de aumento ao inverso é problema dele, mas e a sociedade que é senhora do destino dos mandatos eletivos, que paga a conta no final do mês dos Poderes, que amarga as filas dos Postos Médicos, vai fazer o quê? Dar-se por satisfeita? Recolher-se à sua histórica covardia? Ao seu costumeiro silêncio? Confirmar a velha máxima que “cada povo tem o governo que merece?”