Olho os médicos do outro lado da mesa.
Minha visão é de paciente e admirador.
Ainda na infância, improvisava sob a mesa da sala
O meu consultório e auscultava, aplicava injeções imaginárias,
Prescrevia receitas e ditava comportamentos.
Comecei a perceber que esta brincadeira
Era diferente das demais.
Naquela minha fantasia só havia a possibilidade de cura,
A doença não vencia nunca.
Logo a vida revelou-me suas armadilhas e cruezas.
Entendi que ser médico era muito grande pra mim.
Agora, quando a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia
Completa 80 anos e mostra a trajetória de médicos
Que marcaram a história, fico aliviado por ter buscado um atalho.
Imagine, ter que ombrear-me com gigantes como Miguel Herédia,
Philipe Uébe, Barcelos Martins, para não falar de tantos outros.
Melhor mesmo ficar do lado de cá da mesa.
Imagine ter que andar vida afora
Consertando os defeitos de percurso
Da principal invenção do Criador.
Essa é a missão desses profissionais.
Hoje, sei que ser médico é ser sócio de Deus.
É grandeza demais.
(Homenagem aos médicos em um dos seus dias, que são todos, todas as horas, sempre. Texto de introdução do livro de comemoração dos 80 anos da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. Ano de 2001)
Lindo, Fernando! a homenagem é linda, mas o que seria de nós se todos fossemos médicos? bom que vc seja jornalista e poeta! Não nos cura dos males do corpo, mas ler vc, muitas vezes, cura a nossa alma!
ResponderExcluirBelíssimo texto. A sensibilidade e a sutileza das palavras são, muitas vezes, os "remédios" que precisamos para prosseguir. Parabéns!
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