A IMAGEM, O SOM E A FÚRIA

O título desta postagem é uma frase antológica do filósofo canadense, nosso contemporâneo de século XX, Marshall McLuhan. Pela grandeza, ela é capaz de refletir com absoluta exatidão o que ocorre, em Campos dos Goytacazes, nesse ano da graça de 2010, apêndice de 2004, ano que insiste em não acabar.

Pois bem, o episódio do afastamento sumário (?) da prefeita e inelegibilidade de uma renca de políticos notáveis, impostos por uma decisão colegiada do Tribunal Regional Eleitoral, ensejou a maior farra da contra-informação que já vi e vivi em toda a minha vida. Foi um circo dos horrores. Mascates da informação usaram e lambusaram a notícia. E continuam.

Chegaram ao desplante de trocar o sentido literal de uma frase do texto que o TRE postou em seu site para informar sobre a sentença de extinção do mandato eletivo da prefeita e seus desdobramentos. Onde estava escrito “um eventual recurso ao TSE NÃO produzirá efeito suspensivo”, virou, de acordo com interesses reconhecíveis, mas inconfessáveis, “um eventual recurso ao TSE PRODUZIRÁ efeito suspensivo”. O que era NÃO virou SIM.

Reduziram a ética à poeira. E o mais grave é que confundem, deliberadamente, os espaços da opinião e da informação. A Opinião é exclusividade de cada um, mas a Informação é exclusividade do fato. Nesse enorme prostíbulo à céu aberto, com um sincero pedido de desculpas aos profissionais do sexo, a notícia virou uma mercadoria barata disputada por conveniências. Tudo bem, minha senhora, isso não é novo, mas a senhora há de reconhecer que é nojento.

Não vou além. Longe de mim a pretensão de transformar esse bilhete sem endereço específico, em um tratado sociológico. Faltam-me talento e ânimo. A esperança é que os pacatos cidadãos e cidadãs dessa vila tão formosa, reféns da mídia, esse poderoso “aparto de poder”, estejam mastigando e sentindo o gosto das informações antes de engoli-las. Que absorvam o que presta e que cuspam o que sobra na cara suja desses arautos fajutos.