Ela é pequenina, frágil e irascível. Anda pelas ruas do centro velho sempre vociferando contra suas neuroses. Vive, reclusa, em sua santa loucura. Todas as vezes que cruzo com essa Don Quixote de saias, cumprimento-a e recebo de volta uma palavra áspera. “Bom dia pra quem? Bom dia de quê?
Diferente de outras figuras folclóricas que preferem o calçadão, onde, irremediavelmente, conseguem pequenas esmolas, ela não, é altiva demais, olímpica mesmo. Vaga pelas ruas, discursando.
Pois, ontem, no meio da tarde, parei o carro no sinal do cruzamento da 21 de abril, com rua do Gás, bem atrás do museu Olavo Cardoso. Ela estava lá e aproveitei a proximidade para repetir meu cumprimento. Dessa vez, ela surpreendeu e me devolveu um sorriso enluarado, como diria Zé Cândido de Carvalho. Pelo retrovisor vi que ela continuou sorrindo, num raro momento de paz.
A tarde justificou-se.
Meu amigo esta cada vez mais poético.
ResponderExcluirBeijos