A prisão preventiva dos três integrantes da cúpula do PMDB fluminense foi decretada pela Justiça, mas poderá ser suspensa em votação
17/11/2017 07:00:53
Rio - O presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, e os também deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi chegaram ontem no início da noite à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. A prisão preventiva dos três integrantes da cúpula do PMDB fluminense foi decretada pela Justiça, mas poderá ser suspensa hoje em votação na Alerj, que tem a atribuição de aprovar ou não a prisão dos parlamentares.
Investigados na operação Cadeia Velha, que apura favorecimento a empresas de ônibus por parlamentares fluminenses, os três foram para a mesma unidade prisional onde estão outros presos da Lava-Jato, entre eles Sérgio Cabral, que completa um ano de cadeia hoje. Segundo as investigações da Polícia Federal, os três teriam recebido, em sete anos, R$ 135 milhões em propinas de empresários do setor, sendo parte paga a pedido de Cabral.
A detenção do trio ocorreu após decisão de cinco desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que determinaram por unanimidade a prisão imediata dos deputados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A Alerj convocou sessão extraordinária hoje, às 15h, para decidir se autoriza a manutenção deles na cadeia.
Para o deputado da oposição Eliomar Coelho (PSOL), a maioria da Casa é aliada dos três presos, o que indica uma tendência para a decisão de soltura dos peemedebistas. Segundo Eliomar, a pressão popular poderá fazer diferença. "Esperamos que essa pressão dê resultado, os deputados percebam que precisam atender à população, e as prisões sejam mantidas", afirmou.
Também compartilham da opinião os deputados da mesma legenda Flávio Serafini e Marcelo Freixo. "A nossa bancada tem feito as denúncias trazidas pelo Ministério Público Federal e que marcam a prática recorrente do PMDB. Entre as denúncias estão os excessivos subsídios fiscais, a máfia dos transportes e a lavagem de dinheiro. Ou seja, a grave crise do Rio de Janeiro tem origem nesses esquemas. Por isso é importante a prisão e a manutenção dela", disse Serafini. Freixo irá marchar da Avenida Rio Branco até a Alerj pedindo que os seus colegas mantenham a prisão dos deputados. Já Luiz Paulo Corrêa (PSDB), também da oposição, não quis opinar a respeito. "Tenho que ler os autos para formar juízo", disse.
Após a decisão da Justiça, os três deputados se entregaram para a Polícia Federal. Picciani se apresentou no fim da tarde. Desnorteado, demorou a encontrar a escada interna. Melo chegou acompanhado por policiais federais e sem o seu tradicional bigode. Albertassi foi o último a ser preso. Juntos, foram encaminhados para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e, em seguida, ao presídio.
Alerj decide sobre prisões em sessão extra
Antes da sessão decisiva, marcada para às 15h, a Comissão de Constituição e Justiça se reunirá, às 13h, para definir o parecer que norteará a votação em plenário. Segundo o presidente interino da Casa, André Ceciliano (PT), além das prisões, a comissão vai decidir se cabe ao parlamento opinar sobre o afastamento dos três deputados. Às 14h30, haverá reunião do Colégio de Líderes.
"Vamos usar a prerrogativa do artigo 267", explicou Ceciliano. Ele se refere ao artigo do Regimento Interno que estabelece que, em caso de prisão em flagrante de parlamentares, os deputados resolvem sobre a prisão. Serão necessários 36 votos (maioria da Casa) para livrar os acusados. O vice-presidente da Alerj, Wagner Montes (PRB), voltou de viagem para presidir a sessão.
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O deputado estadual Rafael Picciani (PMDB) acredita na soltura de seu pai. "Tenho essa confiança, até pelos episódios anteriores em que essa Casa deliberou temas semelhantes", disse, citando como exemplo o caso do ex-deputado Álvaro Lins.
Em nota, a defesa do deputado Albertassi disse que ele está "certo de que vai provar sua inocência, e aguarda com tranquilidade a decisão do plenário da Assembleia Legislativa". A defesa de Picciani informou que seu cliente é inocente.
Em nota, Paulo Melo declarou que "uma simples análise no meu trabalho como parlamentar, bastará para provar que sempre votei contra a pauta dos empresários do transportes no Rio e defendi os interesses dos passageiros".
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