Garotinho,
não sei ao certo se esta carta chegará a você.
Diante do espesso noticiário que o envolve e à Rosinha, Suledil e outras pessoas, que não citarei por não se tratarem de ativistas políticos, informo-lhe que estou constrangido, afinal o conheço desde a adolescência no Liceu de Humanidades de Campos. Chegamos mesmo a partilhar nossa juventude, depois nossos caminhos se dispersaram e acabamos em trincheiras distintas e opostas.
Não festejo este momento, mas não seria hipócrita em dizer que estou solidário. Somos as nossas escolhas e nossas escolhas trazem consigo o fardo de suas consequências. Não diria que de nossa convivência sobrou algum afeto, nem de mim, nem de você. Travamos embates duros o suficiente para dissolver frágeis amizades, mas, acredite, não lhe desejo mal algum, exerço miúda oposição, limitada ao campo virtual das redes sociais. Tenho meu calvário pessoal e físico que me ocupa e limita a mobilidade que a Política exige.
Sei que as patrulhas ideológicas contabilizarão esta carta como mais uma heresia de minha consciência torta, não me incomoda, afinal andamos, todos, cercados de juízes, com suas espadas afiadas. As vestais voltarão a condenar minha tibieza política e sou forçado a confessar que elas têm razão. Já há algum tem livrei-me das amarras partidárias e ideológicas, tornei-me um voluntário de causas, sobretudo, das que se prestam a tornar menos cruel a vida e seus imponderáveis caminhos.
Dirão que você, se fosse o caso reverso, não pouparia as personagens deste drama, mas nós somos desiguais, não me apetece o Poder. Trago, desde menino, a vocação de sempre acreditar que as quedas são didáticas e alimento, diuturnamente, mesmo que o tempo seja adverso, a esperança, esse lume verde que abre veredas na escuridão.
Não me cabe, nem quero a tarefa de ser seu bedel. Você, eu, todos, indistintamente, estamos sob o império da lei e se tivermos culpas a carpir, que seja, em tribunais republicanos, limpos e íntegros, altares da verdadeira Justiça, da qual é impossível fugir.
Espero, sinceramente, que sobre você recaia uma sentença justa.
Atenciosamente,
Fernando.
Parabéns Fernando!
ResponderExcluirReceba o título de Cavalheiro Gentil e Nobre!
O comentário foi muito bom, o único problema atual, é encontrar uma justiça limpa.
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